domingo, 10 de abril de 2011

Caracóis de Outono

Bons ventos formam espirais de folhas secas
Teus cabelos por certo inspiraram tais movimentos
Num descaminho de fios bem feitos...
É teu outono e seus efeitos

Morte

Qual os caminhos, se é que são plurais, doem menos?
Ou quem sabe a dor é inevitável?
Es-co-lhas, co-lhas
E o que não for carregado
A morte se encarregará
Eis o caminho inevitável

Solidão que Grita

Ora portanto, um poema solto
Sem serventia como tantos outros
Que fiz, reclamando a natureza poética!
Arquétipos idealizados a cada palavra cética!

Só, humanamente só.
Só sendo humano pra solidão ser também no poema.
Tantas coisas que só sendo humano...
Até quem não o é, se torna por não ser.
Mesmo que perdida a humanidade, um dia houve.
Isso pela força que tem, jamais se perde.
E a humanidade ferve, na solidão de seus desígnios silenciosos.

Ausência

- Amor?
- Presente.
- Poesia?
- Não há mais amor no mundo.
As pessoas (Titulares únicos de tal sentimento.)
Desconhecem a origem do amor
Assim, prevalece a dor
Companheira dos solitários
Privilégio dos tristes
Desígnio dos verdadeiros otários
Ignóbeis prêmios nobéis da ignorância!
Não tenho um vintém!
Poesia presente, amor também.

Marcas Inevitáveis

Sem querer, sempre sem querer
demarcado como gado no campo
assim sem saber
eclodiram as feridas do tempo
e as cicatrizes desferidas de lembranças
reabrem alentos de esperanças

Quem recordaria o que desconheceu?
Se um beijo meu te marcaria
ora quem o saberia? - Amanheceu.
E o nascimento do dia
Desfez memórias de tormento
Me marcaste, sutil momento

Doravante esvaísse de centelhas
O que era forte enfraqueceu
Perdoa agora aquele beijo meu?