Acordadas borboletas
De soslaio um enredo
Sobrevoam as diletas
Nos cérebros do passaredo
A borboletiar e passarinhar pensamentos
Acordadas borboletas
De soslaio um enredo
Sobrevoam as diletas
Nos cérebros do passaredo
A borboletiar e passarinhar pensamentos
As asas promovem conflitos
Param, mantêm organizadas
As fagulhas encontradas
Dos corações aflitos
Não percebem a névoa?
Concretude total
Nudez visual
Beijo-te na canoa
De um rio vital
Caudaloso rio
Me rio do beijo...
Do beijo escandaloso
Na escuridão da névoa matinal
Desde o começo furtivo
Numa poesia rápida
Tentei intrépido
Relatar o que não sabia
Se de fato corre a lógica
Da correria
Tao cotidiana
Até absurda
Confetes velhos
Reconstroem... Acabam...
Castelos de monotonia
Tentativas vãs?
Escondem-se de nós
E, quem a gente não queria
Reverbera voz
Velozmente desconhecida
Se eu me digno de qualquer coisa porque observo situações não tão propicias ao verdadeiro autoconhecimento é porque de fato não tenho medo de me abster das formas mais sublimes de colocar as coisas mais simples da vida no contato humano como situação principal para recriação periódica de um conceito novo. A VRM (visão romântica dos mundos) enquanto alternativa de liberdade evoca a imaterialidade em seu proveito.
Como imaterialidade é de fato um conceito muito abrangente, a VRM se apóia necessariamente em algo cuja intangibilidade desfoca toda e qualquer tentativa de cientifização das ciências humanas. Fico assim, perdido nesse labirinto chamado VRM.
A cientificidade apregoada como sustentação necessária ao indivíduo no que tange a questão das preocupações que temos com aquilo que se apresenta e de fato desconhecemos é o que vigora após o século das luzes. Entretanto, quando um especialista, um cientista diagnostica e revela o que não sabíamos, a partir disso estabelecemos na nossa ignorância uma espécie de alento calcado de fé no cientista ou especialista. A angústia é curada pela fé, e a divinização da figura dos doutos cientistas e especialistas substitui a figura dos antigos sacerdotes da idade média. De fato, há uma regularidade na sociedade mundial no que tange as relações necessárias para a composição de uma sociedade cujos integrantes desejam no decorrer da historia as mesmas coisas na essência, porém com objetos que se diferenciam, sem com isso perderem a essência. Descobrir essa regularidade nas conjunturas de cada povo, e suas similitudes nos diversos modelos que emergiram e se modificaram, sem, porém perderem na essência o poder, que enquanto fato jurídico que eclode das somas dos variados desejos de classes, castas e indivíduos, é de suma importância para reflexão acerca dos fenômenos jurídicos que contribuíram para a movimentação atual da própria realidade normativa que vigora. A VRM enquanto instrumento de desconstrução dos paradigmas da cientificidade se aproxima da ciência tradicional apenas na fé, que é necessária para o embasamento de qualquer conhecimento, quem dirá nas ciências humanas! Qual então é a essência do poder? A VRM faz o caminho inverso da ciência tradicional que prioriza o método e o reducionismo no sentido de buscar as regularidades para construir uma regra geral do mundo sensível. A VRM não pode ser idealizada no mesmo caminho da ciência tradicional baconiana, que acertadamente alija à escolástica. O mundo sensível representa uma faceta importante para a VRM, pois exerce poder sobre as viáveis elucubrações que a ferramenta precisa para se constituir numa dogmática desordenada, porém inteligível. A desordem e o poder são duas premissas necessárias para existência da legitimação de ambos, tanto pelos defensores da desordem (adeptos da VRM) e os defensores do poder ( cientistas tradicionais). O domínio da emoção sobre a razão que fica no segundo plano fere fatalmente toda pretensão de construção de um conceito sério tal como é a VRM. Coisas "interessantes" são chatas. O desinteresse é a grande tacada. A despreocupação com o trivial é tão mais sadio, e ao mesmo tempo em que a preocupação nos incomoda fortalece. Mas como é de fato terrível e monstruosa a possibilidade inerte de não estar preocupado com nada. Simplesmente, viver poetando, seria tão mais prazerosa, sem os grilhões dos afazeres necessários a sobrevivência. Um mundo ideal. Como tantos antes de mim já o imaginaram e nalguns casos vivem! A Visão Romântica dos Mundos é a possibilidade mais pura para uma concepção poetizada da realidade, porque os métodos não são necessários. As amarras metódicas não estão em nenhum plano possível para minha VRM. A liberdade enquanto conceito puro é realmente alcançada quando nos aprisionamos nos ensinamentos da VRM, e uso o vocábulo aprisionar ironicamente, porque de fato algum aprisionamento se faz necessário para o alcance livre do espírito concreto da VRM. A sua concretude advêm da sua condição inacabada, e como não há como soltar-se completamente dos sentidos, que deveras podem ser enganadores, a VRM a priori, descansa em terreno fértil no que tange a criatividade de seus conceitos vagos. A vaguidão obtusa de um conceito é tão importante para VRM porque através da sua natureza complexa, o inacabado abre sobrenaturalmente condições para o raciocínio livre e criativo sem a desconexão com o real tantas vezes recheado de pontos de vistas debilmente científicos. A não-ciência é o pressuposto da VRM, é condição absoluta para sua existência. A filosofia realiza nesse contexto não cientificizado um papel de companheira da VRM, porém sua base racional a distancia da VRM como uma amiga desleal que deve a todo o momento ser testada na sua lealdade. A separação da VRM com a filosofia torna a VRM uma ferramenta conceitual que antes da própria filosofia existir como mãe da ciência, já de forma onipresente, existia, mas nunca tinha sido provocada na sua magnitude. Filósofos do passado chegaram próximos da minha VRM, entretanto a amplitude do tratamento intelectualmente leal com cada forma de concepção mundana faz da VRM uma pratica que de fato pode dar conta de qualquer manifestação humana. De fato, é uma ignorância tremenda não citar a VRM depois que ela foi tornada conhecida pelo indivíduo, porem não é a dogmatização de axiomas próprios da VRM que a fará exitosa na sua insubordinação imprescindível.
Quando me debruço sobre a maneira como autores célebres da filosofia, como o próprio Platão, vejo a VRM como uma espécie de plágio infeliz, do pensamento platônico. Porém devo fazer ressalvas importantes no que tange a própria natureza da VRM. Primeiramente, é de salientar algumas diferenças importantes do pensamento platônico em relação com a VRM. De fato, a VRM possui no seu encantamento uma luz eminentemente reflexiva, quer seja no terreno movediço das idéias, ou no mundo concreto dos sentidos. Descartes quis a duvida metódica, e fundou um racionalismo extremado, Platão acreditou no mundo puro e perfeito das idéias, cada um na sua contribuição, ora pois, e a VRM, que contribuições pode nos prover enquanto humanidade? Como instrumento ideologizado a VRM, certamente se enquadra dentre as diversas contribuições possíveis, pois descrê numa teoria que se preconiza como a matriz fundadora da própria isenção que em suma, a propria ciência pretende conquistar. Assumir posições, político-ideológicas é de fato uma premissa para existência de uma VRM. O conceito de VRM pressupõe liberdade, criatividade e ação, que pode ser política, pois todo julgamento é valorativo e tais valores são concebidos através de um raciocínio político. Enfim, qual o objeto da VRM? Será toda manifestação humana no terreno das artes, ciência, até os eventos mais triviais da atividade humana? Ora, quero sem duvida o embate de idéias, e nao receio a natureza instigadora daqueles que confrontam a VRM, de fato tal confrontação renova a VRM, reproduz sua maior proposta: - O seu incessante devir despreocupado. No inicio éramos selvagens, e nossa selvageria, ao ser relativizada, não difere da selvageria dos dias atuais. Não há comedimento, a VRM não pretende fotografar a realidade de aqui e acolá, apenas, frente as realidades, jurídicas é que este trabalho pretende explicar, construindo a realidade, o viés do poder enquanto fenômeno politizador dos diversos campos do conhecimentos. Num exemplo prático, adeptos das teorias de conspiração mundial apregoam que as nações mais avançadas economicamente seguidamente estão a confabular contra interesses mundiais em prol de suas próprias motivações econômicas mais prementes. O interesse e o poder são dois conceitos cuja amplitude quase inalcançável apelam para que se consiga uma ferramenta não sistemática de interpretação da realidade. O que está nos bastidores, dessa pseudo-realidade que nos é colocada através das diversas mídias é uma das propostas da VRM. Ora, os objetos da VRM são tão escorregadios quando percebemos que se trata enfim, de ilogicamente, realizar uma resposta embasada com mentiras, ou mesmo no próprio erro. Quando me proponho a observar a realidade, antes de ser apenas platônico, estou sendo parte dessa realidade. O ponto de vista é funda mental para perceber de qual realidade estamos tratando e sob quais influencias sócias estamos sendo maculados. Não há pureza, a VRM não quer buscar uma racionalidade ideal, pois nem ao menos se considera racional a ponto de definir-se a partir de axiomas lógicos, se assim fosse estaria ruindo toda a teoria da despreocupação temporal objetivada nos conceitos que formam a VRM. Quando um indivíduo boceja alguma relação fisiológica lhe fez agir de tal forma, isso é o raciocínio dedutivo lógico a partir de pré concepções que temos acerca do funcionamento da fisiologia humana. Não apenas tenho fé nessa explicação, bem como comprovo cientificamente que o impulso ao bocejo advém de uma sensibilidade corporal quando efetivamente está acontecendo o bocejo. Ora, não é terreno da VRM questionar antigos dogmas científicos que na realidade pratica muito contribuem para uma espécie de evolução técnica, entretanto, quando observo outro animal humano bocejando, de fato me sinto impulsionado a realizar tal ação, o mesmo quando penso no próprio bocejo me sinto inclinado a bocejar. A VRM jamais explicará o bocejo, porque lhe escapam as fundamentações técnicas razoáveis para sua explicação, que inclusive no exemplo em tela nem mesmo a própria ciência explicou o bocejo, talvez por se preocupar mais fortemente com o aumento da produtividade que alija milhões de trabalhadores ao desemprego. A questão é enfim, preocupar-se com o que não é preocupação, então tornar-se um despreocupado com a preocupação geral. É nesse sentido que o pensamento criativo eclode com grande força na VRM. Quando então essa relação em cadeia do bocejo, ocorre nos indivíduos e não há posicionamento unânime a seu respeito, a VRM tal como ferramenta criadora de novas concepções surge para intimidar a racionalidade débil e largamente utilizada para encarcerar mentes, no propósito de libertar poeticamente a humanidade dos grilhões infelizes do individualismo cientifico. As grandes questões: quem inventou o avião? São tão desconexas e incentivadoras do individualismo entre povos que se sustentam no ufanismo enfadonho de uma minoria infeliz que não se preocupa com o bocejo.
Que temor a solidão
Vezes outras se lamentam
O condão do sofrimento
Quem se liga nesse vão?
Afastado do tormento
Que se apartam deste mal
Eis o vulto purulento
Sacra via vital
Malogrado poeta-dor
Machuca a fé despretensiosa
Tira da vida as rosas
Ocamente a poetar
Desígnio da tristeza pura
Ri-se macabro teu algoz
Ora que terreno é esse da candura?
Que largamente distam anos-luz
Alegoria da literatura
Ou alegria das quimeras?
Obstina-se homem-fera
Pois teu fim não é tão próximo
Sê altista e ladino
Tal qual o alpinista andino
Cujo patrocínio duma multinacional
De sua abastada família real
Impulsiona-o para morte
Da aventura nas grandes montanhas mundiais
Por um motivo:
Dinheiro, poder e reconhecimento.
Eis o tormento, nada mais.
Teus cabelos castanhos
Uma leveza inexplicável
Sensuais carinhos
Colorido amável
Da pele então nem quero dizer
Perfume de mulher amada
Suave toque de prazer
Destino comum nossa caminhada?
Tempo. Eis a convenção sábia
Inutilmente mensurada
Frente à incerteza velada
Juntos a existência não é vazia
Separados, fisicamente sim! [Por enquanto]
Ah! O tempo! Quase esqueço
Será que passou muito?
É que estou tão perto do fim
Selecionar palavras é conter o sentimento
Por isso a vazão notória da tentativa insana
Faz um grande firmamento
Dentro da perspicácia não assim tão plana
Por isso a descontinuidade
E tudo aquilo perceptível como bom
Deve, e não mais além do adorável acaso
Deixar em fim um lindíssimo frisson
Um jovem casal de namorados por indicação dela resolve comemorar o aniversario dele numa casa noturna bastante badalada, cujo interior se assemelha num olhar despercebido a um pub londrino. Os cordiais funcionários do estabelecimento lhes prestam ótimo atendimento assinalando a mesa reservada para os dois. Ali o casal namora trocando confidencias e brincando com a situação de alguns convidados que ali estavam compulsoriamente e dentre os quais o aniversariante desconhecia a grande maioria. Alguns degraus abaixo, de onde o feliz casal interagia de maneira tão apaixonada, uma pista de dança bastante animada borbulhava tal quais os espumantes vendidos fora do território francês. Aquilo os chamava. Era pura diversão, e seus hormônios, imantados pela balbúrdia de suas juventudes, magneticamente os levaram ao recinto mais agitado do pub falsificado.
Em meio a danças e trocas de olhares sensuais, três amigas convidadas do aniversariante se aproximam para cumprimentá-lo, o que, conseqüentemente, para o humor da namorada não pareceu muito atrativo, pois ele se inclinava infindáveis vezes para falar no ouvido de uma das mulheres que se aproximara. Aquilo causa um desconforto na promotora da festa, mas ela aparentemente se comporta com certa indiferença, ao menos se fazia transparecer isso. Então ela puxa-o rapidamente para um canto longe dos ouvidos das três, o que era irrelevante devido a musica alta, e ameaça-o de morte caso ele continuasse a esfregar os lábios na orelha da tal sirigaita.
Estupefato e com medo o aniversariante acata elegantemente a imposição, explicando bem a distancia que iria para um local mais sossegado com sua namorada. Tal ocorrido jogou um balde de água fria nos ímpetos do casal e ela, de maneira muito doce pede para ele ir para rua a fim de assegurar o taxi enquanto ela acertava a conta. Além disso, queria ir rapidamente, pois estava louca para surpreendê-lo com sexo selvagem. Após ouvir tantas promessas, desde ameaça de morte até sexo selvagem, sem pestanejar ele sai. Desgostado por não encontrar nenhum taxi se posta a olhar para o interior da festa. Especificamente para o local das mesas que possuía um teto de vidro através do qual toda movimentação do interior poderia ser vista. O frio intenso nublava, pelo calor do recinto, o vidro, e para melhorar a visão, lhe ocorreu desenhar um coração com o indicador escrevendo logo abaixo o nome da namorada e a palavra "te amo", mas quando ele preenche o interior do coração, afim de sanar melhor sua curiosidade acerca do vulto de duas pessoas que se agarravam violentamente aos beijos, de mão espalmada ao vidro percebe que na verdade os vultos que se atracavam apaixonadamente eram na realidade a sirigaita que ele despediu-se e a sua namorada.
Que eu não queria dizer o que digo, mas acabo falando...
Não quero de maneirA NENHUMA SER ENTENDIDO
NÃO CONSIDERO PLAUSIVEL ALGUAMA CONSIDERACAO
TENTO SER HUMILDE, AMIGO
E NO FINAL DAS CONTAS SOU COMO TODO MUNDO
ADEQUACAO SOLITARIA, FIO DA NAVALHA
DENTRO DE MIM ALGUMA COISA GRITA
SOU COMO UM EREMITETA
DENTRO DE MIM MESMO
NAS CALADAS DAS NOITES NÃO TÃO ETERNAS COMO GOSTARIA
ENFIM, O TEMPO,
ESSSA DRAMATURGIA DE SÉCULOS
MENSUROU-SE.
NÃO SO PELA MINHA NOTORIA AVIDEZ,
MAS POR QUE E DE FATO COMUM
A GUIA PELO INTERESSE,
PRESENTE E CLARO,
SUGESTIVA, DEIXADA DE LADO.
POIS DE FATO A BARRIGA NÃO SE ALIMENTA DE POESIA
TAL QUAL DE FATO EU ASSIM
ADORARIA!
Monstro I
Anônimo fantasma da criação
A centelha relapsa do teu véu
Escurece a abóboda cruel
Frente a pequenez do homem e sua mão
Devassa, tão singela
Enfadonha e bela
Criatura amarga das profundezas
Fique por aí mesmo
Teus segredos subentendem-se
E teus medos inexistem
Na coragem obsoleta
Do humano sentido
De superioridade triste
Toda essa devassa de monstros da mente
Equivocados...
Tal qual essa anedótica tentativa de julgá-los
Reflete falta de objetividade
Ora, tais monstros coexistem de fato!
E dar-lhes um formato
Necessita de tamanha sub-grandiloqüência
Que prefiro parar aqui, para não beirar a demência
Mostro II
Pra quem quer ver diz o poeta!
Sem o embargo da provação
Sem eficácia da auto-suficiência
Na contramão
Assim, afunda a chumbada no frio oceano
À margem o pescador
E nadando a poesia
No mar desgraçado da consciência mundana
Onde o pescador se faz poeta e presa vira
Da palavra leviana
Refém da contra-mentira
Fingidor, quem dera ser!
O contraditório infeliz
Seu desígnio é falar de si
E escapar por um triz
Do lado mal do espelho d'água
Mostra o Monstro III
Devorar palavras alheias
Eis o monstro malcriado
Come-come e nunca está saciado!
Glutão malvado criatura bela
teu criador sibila
Se apropria dos feitos que carrega
O Monstro Mostra IV
Subjuga-te monstro meu!
Mostra teu poder meu escravo!
Serve a mim orgulhoso
Não sente os espinhos que lhe cravo!
Quimera estonteante
Mostra aos pretensos dementes que ousam enfrentar seu mestre
Que já não há caminhos nessa vida destoantes da poesia
Pois nada é sem ser poema antes de ser criatura acabada.
Por fim, à mostra, oh! monstro malévolo e fiel
te retiras para ser recriado com a matéria prima do fel
Entregar-se ao ócio da vida
Caso em que a tristeza acontece
Revela algo distante
Inevitavelmente perene
Ora, tudo tende a perecer
Nada é para sempre!
São certezas da vida
Regularidades vazias ,
e o mesmo tempo cheias de abismos.
Antes tinha um medo violento de te perder
Mas poesia não é musica sertaneja
Nada contra o gosto de quem quer que seja,
Os amores e a ira nunca saem de moda
Como uma roda a girar até esmorecer...
Foi assim que aconteceu.
E se meu amor morreu, não matarei a poesia
Com versos sertanejos de liberdade simples
Separadora das dores cruéis, subtil camada
Jazem juntas a poesia sertaneja, do choro de amor
E os poemas urbanos que tratam de tema idêntico
Pois, o amor na sua mais cruel simplicidade
Não pode deixar de ser explicado
Nem ao menos num olhar distante
De quem um dia te magoou
E agora chora atordoado
Em busca do retorno da pessoa amada
Assim conduzem a fadiga das alegrias imbecis
Os relentos da alma
Comedidos por um próximo prazer
Pintados na cor do anis
Vicio psicológico dizem caras e bocas
Quando eu fui correndo pra te ver
Quis ser simples na atitude
Sem você
Ardem e crepitam
Meus sentidos
Num instante me vi cantando a solteirice gata
Num instante me vi cantando a solteirice gata
Dor!
Infiltrada, garganta rasgada
Medo de água
Gato escaldado
Sofre calado
Conflitos do amor
Chega a ter um mundo de querer
Essa coisa boa de ser livre
Coleção de cores
Muitos amores
Vadias manhãs
Das febres sem cessar
Do medo louco de deixar de amar
Sem culpa ou porquês!
Como uma piada da vida
um beco sem saída
na padaria o português
rindo com a boca cheia
num bigode sujo,
de piadas matinais
Gostaria de manifestar minha indignação quanto à escolha dos limitados participantes do programa exibido dia 15/12/2008. No programa Reunião de Pauta que tentou debater assuntos como o dia mundial da corrupção, o repórter da Band em sua primeira participação no programa caiu na infelicidade de culpar a população pelos corruptos políticos. Não é correto trocar voto por tijolos, mas mais do que uma questão de necessidade, a venda de voto ocorre pela falta de educação básica e caráter. A culpa é da cultura imediatista propalada pelos meios de comunicação, a população é vítima desta corja poderosa que manipula as informações de acordo com os embalos da economia. Os analfabetos políticos do Brasil não têm educação básica para votar, e infelizmente, nos pleitos vencem os corruptos, porque poucos dos que participam não são corruptos. Essa história de dizer que furar fila é mesma coisa que político tirar vantagem é lamentável. Um político está lá pela confiança de milhares de eleitores. A falcatrua é da cultura popular, e os meios de comunicação que poderiam instruir os cidadãos tal como deveriam fazer ao utilizar concessões que receberam para transmitir seus programas, preferem na realidade, promover o imediatismo, e tirar vantagem de uma forma velada, ou por acaso os milionários patrocinadores de propaganda na televisão aberta não financiam uma empresa privada que utiliza concessão publica para veicular aquilo que resulta sua lucratividade? Hipocrisia. É muito fácil culpar a população quando sabemos que algumas cúpulas de poderosos da comunicação é que mandam no Brasil. Ou seja, caráter na televisão não dá lucro, quando for lucrativo educar o povo com esse instrumento fantástico teremos mudança na educação como um todo.
Distraem-se na perdição de suas próprias elucubrações a classe política que por um vinculo de identidade impresso em seu DNA relegam, distanciados na longínqua capital federal , a entes despersonalizados, como o mercado, o futuro de todo país. Um discurso obsoleto é aquele que não prioriza o economês, ao menos para os que tiveram a sorte de serem minimamente alfabetizados. E os que são a grande massa, sedenta pelo assistencialismo governamental? É estúpida a formação do estado moderno e ao mesmo tempo é incrivelmente bela, pois sem ele não teríamos assegurados os privilégios de uma minoria que detém bens e a outra parte alijada desses bens. O belo está na diferença, nessa diferença econômica entre as pessoas. O politicamente correto é dizer que a diferenciação radical, cujos extremos são tão diversos que chegam a ser um ultraje, não é bela. A arte atenua o choque de realidades, e esse pode ser o subterfúgio ideal para que seja suportável essa obrigatoriedade a que se submetem os que lutam para não serem vendados pelos efeitos midiáticos, um paliativo como o bolsa família. A bolha do capitalismo quando explode tem seus efeitos no cidadão comum, o gado assalariado. A bolha da desigualdade econômica, cujo propósito único é dominação, explodirá, apesar das forças elitistas que contraditoriamente a alimentam, mas não querem ver sua explosão. Que é inevitável.
Como em sonhos despertei
Num milagre de luxúria e dor
Felicidades na cor
Misturando-se na nossa vida
Cara de pau disfarcei num lance
Foi eu quem quis a chance
Que agora não desperdiçarei
Vai lua nova me reveste então
Quem andou na contramão
Foge da linha tênue
Entre nós!
Como pode termos visões de mundo tão diferentes e ao mesmo tempo conseguimos conviver juntos? Na realidade isso decorre por conta de utilizarmos freqüentemente uma série sem fim de signos aceitáveis dentro da própria convivência. Esse delimitador das relações humanas se constrói através da educação. Existem maneiras próprias de comportamento que estão consolidadas no seio de uma relação específica, como por exemplo, a de não arrotar na frente das pessoas. Entretanto, tal prática considerada inadequada e até causadora de asco entre aqueles que a observam/ouvem pode sem dificuldade serem aceitas num agrupamento de homens assistindo um jogo de futebol. Em realidade, essas regras subtendidas de fato não são explicáveis por si mesmas tal como normalmente somos levados a fazer quando tentamos explicá-las dizendo que o comportamento é ou não aceito "porque sim". Há certa mecânica, uma regularidade que elabora um padrão inconsciente definido pela educação. Somos educados para que a sociedade esteja protegida de seus membros, ou seja de si mesma. Aquele que incorre numa ilegalidade sofre uma sanção mesmo que não seja imposta pelo poder estatal. A indiferença pode ser um mecanismo punitivo da sociedade para o membro o qual descumpriu uma norma estabelecida informalmente receba alguma privação ou mesmo alguma espécie de preconceito. Embora o termo preconceito remeta invariavelmente a questão de raça, cor da pele, religião, etc., de fato uma prática abominada por um grupo social quando constatada, transfere ao injustiçado cuja pena foi imposta a sensação de que está sofrendo perseguições ou mesmo preconceitos, portanto não deixaria de ser um espécie de preconceito, embora o preconceito seja um evento que se consolida mais fortemente na esfera individual do indivíduo. Aquele que se comporta de maneira diferente, não deve ser aceito, pois seu comportamento fere a própria existência do grupo, isso é um preconceito ou uma sanção imposta por uma norma oriunda do conjunto mecânico e regular da consciência coletiva?
Coisas interessantes são chatas. O desinteresse é a grande tacada. A despreocupação com o trivial é tão mais sadio, e ao mesmo tempo em que a preocupação nos incomoda fortalece. Mas como é de fato terrível e monstruosa a possibilidade inerte de não estar preocupado com nada. Simplesmente, viver poetando, seria tão mais prazerosa, sem os grilhões dos afazeres necessários a sobrevivência. Um mundo ideal. Como tantos antes de mim já o imaginaram! A Visão Romântica dos Mundos é a possibilidade mais pura para uma concepção poetizada da realidade, porque os métodos não são necessários. As amarras metódicas não estão em nenhum plano possível para minha VRM. A liberdade enquanto conceito puro é realmente alcançada quando nos aprisionamos nos ensinamentos da VRM, e uso o vocábulo aprisionar, porque de fato algum aprisionamento se faz necessário para o alcance livre do espírito concreto da VRM. A sua concretude advêm da sua condição inacabada, e como não há como soltar-se completamente dos sentidos, que deveras podem ser enganadores, a VRM a priori, descansa em terreno fértil no que tange a criatividade de seus conceitos vagos. A vaguear obtuso de um conceito é tão importante para VRM porque através da sua natureza complexa, o inacabado abre sobrenaturalmente condições para o raciocínio livre e criativo sem a desconexão com o real tantas vezes recheado de pontos de vistas debilmente científicos. A não-ciência é o pressuposto da VRM, é condição absoluta para sua existência. A filosofia realiza nesse contexto não cientificizado um papel de companheira da VRM, porém sua base racional a distancia da VRM como uma amiga desleal que deve a todo o momento ser testada na sua lealdade. A separação da VRM com a filosofia torna a VRM uma ferramenta conceitual que antes da própria filosofia existir como mãe da ciência, já de forma onipresente, existia, mas nunca tinha sido provocada na sua magnitude. Filósofos do passado chegaram próximos da minha VRM, entretanto a amplitude do tratamento intelectualmente leal com cada forma de concepção mundana faz da VRM uma pratica que de fato pode dar conta de qualquer manifestação humana. De fato, é uma ignorância tremenda não citar a VRM depois que ela foi tornada conhecida pelo indivíduo, porem não é a dogmatização de axiomas próprios da VRM que a fará exitosa na sua insubordinação imprescindível.
Escrever por obrigação sempre foi uma das coisas que mais incomodavam um jornalista de um pequeno jornal da cidade. Realmente, se incomodava com aquilo. Eram notícias que tinha que criar, e das que existiam verdadeiramente, muitas vezes tinha que, devido os seus ferozes editores, dar um toque sensacionalista à notícia. Mais uma manhã aparentemente comum e, ele sai para trabalhar como de costume. No caminho observa os pardais que tomam banho de areia de uma casa em construção. Pensa rapidamente no reino animal e das infâmias que muitos atribuem a esses animaizinhos que são taxados de ladrões de ninhos. De repente, cortando seu singelo raciocínio, num curtíssimo espaço de tempo, a cidade balança como num terremoto movendo o coletivo e os carros que passavam, alguns inclusive bateram provocando um grande engavetamento. Logo pensa que isso dará uma boa notícia, pois muitas pessoas a estão vivendo, mas estranhamente, ao invés de todos correrem para salvar suas vidas, e comprarem o próximo jornal, que seria um impulso natural, as pessoas correm famintas para o livro que portava o nosso humilde jornalista, e não somente o dele, mas todo e qualquer tipo de impresso que estivesse mais próximo. Completamente confuso, o homem não segue a vontade geral e sai com muita dificuldade do coletivo, pois quem conseguia hipnoticamente algum impresso perdia a noção de seu entorno. Era até engraçado ver um indivíduo correndo em direção a uma folha de jornal velha que o vento empurrava na direção de um automóvel pegando fogo. Correndo para salvar sua vida e sua matéria realmente verdadeira, ele observa que na realidade as pessoas não corriam na direção dos impressos para se informar, mas para comê-los. Uma repugnância tomou conta do jornalista e ele pensou por alguns instantes em delírio, mas definitivamente as pessoas estavam comendo jornais, livros, cartazes, e teve um inclusive que até se pendurou num out-door na ânsia de tirar um bom naco. Apavorado com a fome repentina de seus concidadãos, esconde embaixo da jaqueta um livro novo de poesia que tinha comprado há poucos dias na livraria que estava sendo tomada pelos famintos lunáticos, e enfim corre de volta para casa a fim de escrever na íntegra o que ocorria na cidade, e o que a cidade comia. Era um problema de saúde pública e apesar de ter tentado, inúmeras vezes no caminho de casa, coagir as pessoas para os males de tal alimentação, nem o escutavam deliciando-se com a incomum refeição. Chegando em casa, como um facho de luz, seu estômago ronca e impulsivamente ele puxa da jaqueta uma deliciosa poesia...
A indignação propalada pelos mesmos sujeitos que se valem de sua condição aristocrática para manter seus privilégios aristocráticos, revela a situação preocupante com que vive a classe política brasileira afundada na contradição de seus altos salários. A hipocrisia é uma doença social e suas implicações no cotidiano do cidadão comum inutilizam-no enquanto agentes de mudança, no intuito de romperem com a relação viciada existente entre os aristocratas, pois o povo é constantemente bombardeado pelo consumismo que esmaga o individuo o impelindo pela necessidade de sobrevivência, onde nesse sentido não encontra espaço para interferir positivamente na conjuntura do poder do estado, a não ser pela pseudo-democracia sazonal onde o cidadão através do sufrágio universal tem a clara noção de agente de modificação daquilo que internamente não se modifica através do voto, ou seja, a postura esperada por aqueles já ingressos na carreira política pelo voto é de que os recém chegados dancem conforme a música e não ataque antigos privilégios dos pseudo-representantes do povo. Acredito que os argumentos de persuasão àqueles que chegam não sejam de todo muito dificultosos de se efetivarem, tendo em vista que a ética e moralidade tão desmedidamente dita nos próprios meios de comunicação acaba por se esfacelar na estrutura política, e, portanto o tiro no próprio pé de fato nunca é dado e as balas desse tiro jamais atingirão os pés de quem pisa sem medo de retaliação na população brasileira enquanto não haver ativismo político verdadeiro com reivindicações que atacam os privilégios. Num país de dimensões continentais como o Brasil a centralidade do poder numa capital tão distante dos grandes centros revela em si já uma notória inclinação histórica pela manutenção da realeza numa distancia favorável a continuidade da aristocracia brasileira sem sofrer as pressões sociais cada vez mais enfraquecidas pela própria natureza econômica das relações humanas que fragiliza de maneira muito importante e fragmenta os movimentos sociais criando o terreno fértil para corrupção. Para Montesquieu "aristocracia não implica necessariamente abuso político ou econômico contra as camadas menos favorecidas", entretanto o conceito de modernidade enquanto ruptura com o pensamento tradicional se enquadra na situação atual da política brasileira, pois a dualidade do pensamento montesquiano no que se refere à aristocracia aponta para possibilidade de estarmos vivendo hodiernamente num governo aristocrático onde o abuso de poder mantém o privilegio de poucos, onde a democracia serve apenas para legitimar o uma representação que não atende efetivamente aos anseios do povo. Defender a tese de que não há sistema político perfeito, e que a corrupção sempre existirá, é de certa maneira aceitar e estimular a continuidade da pseudo-democracia brasileira. A constituição brasileira tão lindamente escrita pelos abonados constituintes refere-se a inúmeras garantias individuais que ainda não conquistamos enquanto nação, e uma delas é a de que "o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição". Sabemos que o parágrafo único do artigo primeiro da constituição de 1988 é uma meta a ser alcançada, e não algo que se consolidou no Brasil.
As vozes enternecidas pelos sons espontâneos que saem daquela boca maldita inebriam os meus sentidos a ponto de imprimir na minha alma cada oscilação das notas enlouquecedoras. O breve final, compõe a peça e, absorto, buscando um apoio nas melodias conhecidas, me deparo com o desconhecido. Como é vago esse tal desconhecido, como é pouco nobre, entretanto, seu vai e vem atrevido transforma qualquer ouro em cobre, o que de fato não traduz beleza, mas a pureza do dever ser seja lá o que for. A plenitude das coisas não reside na conquista fugaz, na procura pela excelência, em ser o melhor sempre. As perdas de fato inexistem quando se tem consciência que o devir rico só se estabelece quando a beleza da simplicidade não necessita da percepção apuradamente treinada como um soldado, mas sim na ausência de métodos. Todo metódico é triste. Esbarra, mormente, na sua incapacidade de infringir regras para alcançar o desconhecido sem procurá-lo, pois a naturalidade desse encontro se dá inevitavelmente quando os grilhões do método se desfazem soltos e se entrecruzam na liberdade de ser parte da mágica totalidade de artes possíveis. O que aborrece o metódico é a ausência de significados. Para ele tudo deve representar algo, e se não representa ele o torna desconhecido, ou ainda passível de algum dia ser conhecido. Essas sonoras obviedades alijam-no da oportunidade da experiência verdadeira e não indutiva. Tudo é induzido no mundo do método frio, de fato quando descobertas oriundas do trabalho incessante sobrevêm, são notadamente doídas, e consigo trazem a sensação de trabalho cumprido, em voga como a pílula da felicidade dos "workaolics". Em voga também é a famigerada consciência ambiental, propalada em congressos envolvendo autoridades dos quatro cantos do planeta. Suas vozes ecoam no terceiro mundo, pois a influência dos meios comunicativos utiliza seu vigor para orientar a população acerca da sua educação ambiental, e ao mesmo tempo, no intervalo dos programas educativos, apresentam sonhos de consumo que para serem produzidos sugaram recursos naturais do planeta. Contradições a parte, de fato a falácia ambiental só serve como anúncio de algo irreversível que resultará numa catástrofe que poderá desaparecer com o animal homem. Deixar se levar pelo espírito livre é tão difícil quanto estar aprisionado, mesmo assim, a amarra do espírito livre parece ser a melhor de todas, tendo em vista que sempre estaremos amarrados ao real, apesar das suas múltiplas interpretações, ele sempre afronta e se faz conhecido.
A poesia não é mais que um estado espírito
E nos confins da alma humana
O poeta que se diz humano
Trama, incessantemente, pelo que não sabe
O que localiza logo lhe escapa
Angustia sua busca
Reiteradas vezes
E o vácuo subjaz
Na devassidão do medo
Todos procuraram algo
E o valor dessas procuras
Definiram suas posições sociais
E o que quer o poeta afinal, senão retribuição?
Que contramão é essa de se buscar o incapturável?
Deveras a imortalidade adormeça a esperança.
Sacaneie tuas lagrimas quando quiserem escorregar
Daqui até o oceano serão ventos de distância
Acomode tua nudez na clausura do teu quarto
Mirado em ti mulher do sonho
Permeia em mim toda vagação
Desmedida, na tua natureza fria
Completar-me-ias no dia claro à mercê dos temporais?
De quantos ais precisa de mim amor incerto?
Conserta tua coleção de sonhos,
Porque cheguei para ficar mulher sonhada!
Bicarbonato de sódio do coração
Safa-me da acidez momentânea
Dos teus desígnios de artista
Que bagunça o coreto (cloreto) da razão
Meus habitantes perversos me chamam de rei
Rá, Rã, girino, Deus...
E assim sempre o respeitei, para ser abençoado
Não sou louco a ponto de brincar de Deus
Nem tampouco apressar adeus
Nesse mundo de animaizinhos literatos
Não é bom ser malcriado
Morrer tranqüilo ou desesperado?
Recriei sem querer a aventura de viver
Das cantigas, não tão antigas de sábado à noite
Veludosas pernas entrincheiradas no perfume, vão
Na direção oposta descaminho de solidão
Coisas da insensatez mundana
Carne voluptuosa, na feira praiana
Vontades, desejos, atitudes insanas
Rio sem degrau leve como o ar
Fogo e paixão na luz do luar
Chega! Poesia urbana não é rock sertanejo!
quem me ensinou a poesia
não foi ente carnal de solidez óbvia
antes foi a traça do livro
que queimei na luz da vela
observando a fumaça esvaindo na treva
acho que não mais irei visitá-las
com tristeza no coração
mas sem melancolia ou distração
pois não tirei das rosas as pétalas
quando vi a fumaça se esvair na treva
No amor acontecem coisas tão obvias.
Vejo lindas mulheres com alguns dos meus sósias.
Explicarei.
Na realidade para ser sósia
Queria eu ter nascido feio
Explicarei.
Esse papo de que homem é feio
É mentira!
Explicarei.
Existem homens bonitos.
E como homem que sou não sofro em admitir isso.
Explicarei.
Putz. Caro leitor. Eu não sou gay.
Apenas não entendo uma coisa nessa vida.
Porque as mulheres bonitas que conheço
E que de fato adoraria namorar...
Não raras vezes vejo-as namorando indivíduos feios.
Meu deus! Beleza pra mulher não é fundamental.
Eis, algo que a experiência prática da vida me ensinou.
Acho que a insegurança das mulheres reside num fundamento:
Homens bonitos seriam mais cobiçados pelas outras mulheres.
E os feios estariam livres da cobiça. Ou seja dor de cabeça zero!
Porém, um magnetismo avesso as condições da natureza.
Imanta homens feios de tal forma que chego a pensar na sabedoria misteriosa da natureza.
Sim! A natureza curte o caos.
E tal curtição, sabiamente une os opostos.
Por isso acredito na ficção bela de que na realidade
É o bonito que não sofre a tal cobiça.
Numa parada a buscar palavras
Ao vento embalsamadas
Pela angustia inebriante....
O cansaço mental
Inexiste e o cheiro urbano
Aquece os corações
Nas pequenas cidades
Nos mais longínquos rincões
Esse homem moderno
De andar atarefado
Esse passarinho ladino
A beliscar o mingau frio esquecido na janela
Esse moleque malandro
Que vaga pelas escadarias
A espreitar o aposentado na sua aposentadoria
O olhar cismado da moça no horizonte
A igreja na praça da beata em sua fronte
Muitas vidas pulsando por destinos
Desatinos, desencontros
Amores no boteco da esquina
Todos súditos, por um viver melhor
Cotidianos num comércio de almas
Esperando o próximo ônibus
Cativos na calada dor/esperança.
Dói saber-se com dor de cotovelo
Dor da alma, incontrolável!
Como o novelo que cai do colo da vovó
Desenrolando a vida;
Mostrando a verdade;
Dura, cruel e crua
Da inacessibilidade nua
Sem véu...
Translúcido momento
Do "tricot" como alento
A tricotar encontros
E (in)felizmente os desencontros
Um pequeno poema
Desfeito desde o comeco
Perdido no tema
Como um suave tropeço
Aos trancos e barrancos
Jazem os poemas perdidos
Em limbo desconhecido
Papel em branco
Enternecidamente
Comedidas palavras
Mortas em mar fremente
Assim, nascem e morrem
...os poemas
Uns se perdem no labirinto
...outros
Surgem como estrelas
...umas
[quase] perpétuas
...outras
Simplesmente, desertas.
Nem para escrever um poema eu to afim
Poderia estar tocando sax
Mas obrigações de sexta à noite
Me impulsionam para o fim
Tanto faz...
Cotidiano está pior
Maquinal, vil
Escolha o pavio
De preferência ao menor
Tanto faz...
Fodam-se as borboletas!
O mundo das etiquetas
Danem-se quem não ama
Tanto faz...
Angústia malévola
Corrói...
Instantes apenas
Término do Poema!
Tanto faz...
O vazio não pode ser citado
Sua existência não resiste a nada
Seu apogeu é queda
E misteriosamente
Uma fagulha de pensamento
Remete-me ao fato real
De que de alguma forma
Existo, e existo muito mal.
Assim, se consomem os seres existentes
Suas adiposidades revelam seu fracasso
O nada existe a partir das crenças
Contrárias as liberdades latentes
Em confronto com a beleza oca
Das magrezas da alma
Subsistem aqueles
que apaixonadamente crêem no nada.
A ficção cientifica
Prega obrigatoriedade normativa
Ode! A ficção infecciosa!
Da academia presunçosa
Eu amo a filosofia poética
Meu ser antes de material
É alma livre
Revés das pictorias ficções acadêmicas!
Libertem-se dessa indecência
Que enclausura a alma discente
Não me privem e aprisionem!
Sou espírito das asas informais
Que certamente sobrevoam
Mais, muito mais além
Da academicidade rasa e necessária!
Ciência, sua vulgaridade me conforta
Sua técnica me sustém
Tenho medo de seu ritmo
Frio e avassalador
Contraditório e ineficaz
Sou como você ciência!
Busco o que me satisfaz!
Apesar de desconhecê-la
Ouso citá-la em meu poema
Furto-me de esquemas
Minha tese é criticá-la apenas.
Para aceito ser
Preciso de preconceitos
Referir-se a pensamentos
Dando enfim meu parecer
Ora, quando passo a me apossar
Daquilo que não sabia
É o advento da propriedade
Também no campo da imaterialidade!
Você venceu ciência!
Mas jamais será poesia.
Ainda existe a sagacidade jovial nalguns
No velho embate das gerações
Eclodem as velharias mornas
Que turvam habilidades através da inveja
Ser velhaco é ser atual
Ser jovem é ser bode
Que tudo come sem reclamar!
Insubordinados do mundo, um ode!
Uni-vos!
Nunca mais escrevi poemas
Nas vidas que vivi
Nos últimos tempos
Esvaziei completamente meus alentos
Sou tristeza que perambula
Vagueia ao sabor do prazer
Desde que aprendi a ler
Me farto de tanta frescura
Em noite chuvosa
Um verso contamina a sorte
Como a monotonia é penosa
E o quanto se parece com a morte
Antropofagia contaminada
Nos contos de meu discípulo
Devora poesia!
Para no crepúsculo
Estar viva em parte necessária
Para canção matinal e solitária
E, nos recônditos da mente
Nasce um demônio zombeteiro
Que se regala intensamente
Com o cinismo de seu hospedeiro
A mentira vira arte
Num verso de poesia
O amor vira verdade
Quando ela não mentia
Unem-se amantes
Retirados numa ilha
Acham lindo o viver a dois
Apenas mútuos contratantes
O direito posto é frio
O amor poderoso
De calor são feitos casais
Delineados de confiança
Passeando em meio ao ar das árvores
Respirável, tão mais gostoso
Um dos sangues planetários
Ei! ser humano? És protozoário?
Ou confias no direito ambiental?
Não sei, sou apenas um casal.
Segundo o pensamento de um sujeito a temática do poema pode ser apropriada para o entendimento semântico das leis. (mentira)
Caladas em mim as chatices
A eterna insatisfação
Inelutável criação
Bestialidade das meninices
De quais razões importam a causa?
Fadigas da alma
Cotidiano aprisionado
Na calma do morto
De cruas carnes
A deleitar os vermes
Que me espreitam diariamente
Sapiência mortal da finitude
Aparta-me de uma vez
Tola maldita!
Conscienciosa de si
Tal qual o bem-te-vi
Sobrevoa a massa cinzenta
Nublando o colorido da vida
Quem dera a ignorância!
Dos pássaros do campo
Sabedores de seus instintos
Cuidam seus filhos
Sem saber da condição fúnebre
Que lhes aguardam
São chatos para proteger seus ninhos
Esses felizes passarinhos!
Nunca mais fiz poesias
Nunca mais me deixei sonhar
Nunca mais refleti versos
Nunca mais vi teu olhar
Refeitos versos
Eis que te vejo
E promessa!
Ainda sim, te beijo.
Em anexo envio-lha minha alegria
Nesta folha em princípio vazia
Ávidos estão os meus dedos
Para acariciar-lhe a tez macia
E sussurrar com terna voz na orelha fria
Alguns segredos...
De dores da alma
Correm soltas
As maravilhas do mundo
Fortes caminhos
não levam a lugar algum
Cores destinos se vão
Ficam experiências
Amalgama de amores
No interior devoluto
Nos sobra nada mais, só luto.