sábado, 18 de dezembro de 2010

Solidão até que enfim na Lápide

Solidão de verdade bem que não seria bom conhecer
cada qual nas suas tristezas,
cada um nas suas inevitáveis franquezas...
cada vida no lado de cá da vida

Só. Porque aconteceu comigo?
vítima de mim mesmo
assim sozinho, não tenham pena
não! Eu não valho a pena
é uma pena, pois podia assim
ser feliz. Sim claro que poderia.
Mas não fui.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Tudo

Sentir qualquer coisa
é desígnio de qualquer
qualquer então é:
vazio de não saber de si

domingo, 12 de dezembro de 2010

Plenos Poderes (para Juzinha)

Das desventuras amorosas:
- Fico como o diabo foge da cruz
Destarte até posso ficar mudo
De te olhar maravilhado
É que teu beijo muito e muito me seduz

Teus olhinhos claros vivos como mata virgem
Transportam meu coração na melhor viagem
Em busca do teu amor límpido e indolor

Se assim pudesse ser apartado do teu calor
nessas fugas imiscuídas em fraquezas
Toda e qualquer das tristezas
Esvaíram-se do feio retrato incolor
Para colorir de certezas
Os recomeços com tropeços
E levantes esperançados
Ao encontro do verdadeiro grande amor

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Primitiva Vida

Singela satisfação
toda essa descolorida vida
independente? hã...
talves seja apenas uma satisfaçã
dolorida...
né, seu José?

Tanto quanto fora nós
todas formas de valor
e o amor cheio de nós

desatinado medo da descoberta
única insípida incerteza certa

Não!
né, seu João?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Economês Fático

Bens de Deus
Bons, adeus...
Aos deuses da sociedade
e sua infinita impiedade

Afundada na cadeia
economica que incendeia
- prometidas preces.
Quem será, não desfalesce?

O envoltório protetor da ordem
é o progresso da desordem
reflexo de lealdades escolhidas
da verdade tolhidas.

lealdades escolhidas
da verdade tolhidas

leal...?
...idas

e vindas.

Frases de Banheiro

Abaixo a lei da gravidade!
Pela possibilidade de movimentos impossíveis!

Também sou do 69
Não que tenha nascido naquele ano
É que sou do signo de peixes!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Antecipadas Palavras

E lá se vai mais um poema...
que linguagem ligeira
que deixa passar a poeira
sem vestígios de alfazema

A faxineira, passeou no sótão...
porém, nada levou de bom
até torneira velha deixou
pra aproveitar na reencarnação

Perdeu o riso das velhas práticas
o tom doentio de reformar o tardio?
luz se apaga – Próximo ato!
Incontroversos fatos
ao arrepio de solícitos versos.

domingo, 24 de outubro de 2010

Uns domingos

Tanta gente cantou o domingo
Quantos ais e choramingos
Nestes fatídicos domingos...

mereceria ser cantado o domingo?
Trabalhadores brasileiros
sabem tão bem como eu a valia de um domingo

Cantar este dia festivo
Semanalmente furtivo
Irradia os abandonos
Nos outonos de nossa vidinha
E nos dá nova energia
No enfrentamento arredio
Da semana que se avizinha
Depois?

Lutemos. Pois, Lutemos.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ah! Se...

Quanta selva perdida nos campos vindouros
Eis emfim a dama dos matadouros
Essa não tem nada de Joana*, (a juliana)
Das que o coração inflama

Ah! Se...
Ah! Se... Tal fosse,
como uma arremesso de pedra penhasco abaixo
Mas não há como não entender
que sem ela eu não me encaixo
Noutra mulher pra viver.

* Bertolt Brecht, A Santa Joana dos Matadouros

Poemazinho

Grande sonho de ser lido
sem nenhum comedimento
totalmente livre
a mão ao sabor do pensamento

Ah! quanto quis!
Mas ninguém, a não ser eu e uns outros malucos
encontram no poema liberdade vital.

Sexta a noite ando
uma voz enjoada
ouvidos malhados
dois ou três neurônios funcionando...

São tantas e tantas tentativas
algumas dão certo
outras caem no incerto

Visão tua me aviva
quanta esperança
é tão humano!
Será que os animais também tem?

Palavra bonita pelo significado
e pela sonoridade é a esperança
- Lembra criança?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

GRITO MACHISTA DE LIBERDADE FEMININA

Novo Século, Novo Milênio!
Novas regras de relacionamento.
Qual tormento de nossas crianças,
criadas a distância de suas mães?
Por quantas ânsias passaremos
crentes nas futuras gerações?
Quiçá, ainda mais individualistas!

Não existem mais papéis definidos
Direitos iguais para ambos sexos
Ri-se com sua razão, o abauloado capitalista!
É mais mão-de-obra do(a) desgraçado(a) reservista.
Ombro à ombro, se intensifica a selvageria.
Libertaram-se as mulheres dos grilhões patriarcais?
Tresloucado leitor: - Ser machista é questão de sanidade pública fugaz?
Matrimônio: - mãe!
Patrimônio: - pai!
Herança etimológica de sabedoria edaz.

INTENSIDADE TUA

Quase sempre um evento
Quase sempre um momento
Quase sempre um alento
Quase, quase...

De tempos em tempos
Um calor teu me deixa à-toa
Frieza tua me atordoa
Aliás, não quiz dizer nada do teu beijo
Só que calada - Eu no teu seio
Me vem a mente,
com os cabelos na tua espádua...
Há! Se pára o tempo este crápula!
E tua boca nunca mais separaria da minha
O mundo do "Quase", extinto seria.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ser assim. Onde está o medo?

Desligado do mundo
Tão mais honesto
Sem destino certo
eis um berço fecundo
...onde localizam teus sabores
dentre os diversos desamores

Que sentido tem tudo?
Nem tem porque saber!

Casa de ninguém
acordei e sonhava
como ainda sonho
na recuperação do sentido
constantemente à saber:
ao sabor tido
comedido
mal lido
e totalmente fudido!

São joguetes espirrados
na calada expiação
Jogam fogo no telhado
Onde expira a razão

Em voga os medos
A pressão em não pensar
A ação como ser supremo
E é claro, o medo de amar.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Revelação Psicótica

Foi encontrada uma imagem total!
Muito além dos versos de ontem
teus cabelos permeados de horizonte
Fixaram uma miragem no tempo

Tudo se comunica com o vento
Leva pro universo imprimidas paixões
Ventos siderais cheios de ais de amor
Cantorias elevadas num propósito, quase
Quase única dor!

Se fosses despreparada pra receber
o que não é possível dizer, diríamos:
Obrigado universo, pelos versos contidos
...sonhos soltos impressos em ti, meu Universo.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sonífera

Caminhos tortuosos
Desesperanças do recomeço
nas nuvens um tropeço
Suavidade na queda

O som das feras
ouvidas as quimeras
história de ninar

Dormiu assim, depois de caído
um segredo de mim.

sábado, 7 de agosto de 2010

Ensaio das Franquezas, e uma esperança.

I
Ensurdecedora sensualidade distante
Saudades do vestido de poá, que nunca vi
Silhueta imaginada que se sente
Ritmos dispersos que já vivi

O que há por trás da lona?
Promessas de virilidade apaixonante
Homem comandado pelo próprio circo
do bombardeio de testosterona...

Eis o palco de taras da mente
Cotidiano fiel da natureza
Embalo da torpeza

Contenção do animal demente
Sobreposição mental frequente
Formas de apaziguar o pênis

II
Evoluímos tão bem
desde os primórdios das cavernas
e agora com desdém se detém
os impulsos primitivos das mentes modernas

Estarrecedora apregoação subliminar
a de que os desejos sexuais não devem ser comedidos
aprimorem-se então
a proteção do amor dos vencidos

Velhos jargões retratam a cultura
depois da ditadura política vivemos a ditadura da libertinagem:
-Mulheres lindas no comercial
-Ensaios de bacanal no horário nobre
-Falsa conjectura de ascensão do pobre

e, muita sacanagem.

III

Encontremos nossa cara metade
Em meio aos turbilhões
Tem quem fatura bilhões
Mas, já não importa tal crueldade

Uma só vida para todos!
única constatação do ser humano igualado
você no teu vestido a mercê de mim
ultraje do amor esperançado!

sábado, 31 de julho de 2010

ÉLE maiÚsculo

O clima afeta meus poemas
Grande coisa esses pequenos teoremas
Tão ruim, afeitos...

De apenas um segundo atrás
Pirraça do "tanto faz"
Prazeres mútuos, defeitos

Torpeza perene instigadora
aplicativos, meta-busca devoradora
estrutura inclinada, efeitos

Loucura desfaz medo
consciência inventada
luxúria com letra "L"!!!
é diferente, e parece piada.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Participe de mim

Se fazer parte, de algo
desconcertante pra qualquer um
perfaz a lógica dos muros invisíveis
que separam pessoas

momentos verdadeiros
tardes à-toa
noites vadias
manhãs tão boas

quem vai estar mentindo?
e o amor persiste!
A pouco eu estava sentindo.

domingo, 6 de junho de 2010

Alento

Na próxima encarnação
quero voltar mais apaixonante
Destarte, como um andante
e sua infinita tentação
de buscar a toda hora
reciprocidade de quem se enamora

Ah! Se assim fosse possível
para todos os corações solitários
inclusive o dos otários
Uma escolha tão louvável
Nessa vida, porventura encontro
Na quietude que vem de dentro

Um valoroso alento no teu seio neutro

quarta-feira, 2 de junho de 2010

melhor de ti

Se pudessem cair num clichê
de uma nota tão própria como nós
num sorriso tudo a ver
desfaria a alegria dos teus nós
vadia.
patê de galinha no café da manhã
patê você numa tarde terçã?
Se acredito na poesia é porque de fato é possível crer nalgo bom
Quem disse que a poesia pode ser algo bom?
Pode também versar sobre temas maus
Enfim, da natureza da arte, uma tentativa estanque de exercer a tentativa vaga
do inicio tao obvio repleto de insanidades
e você ainda se acha o orgulho da cidade.
Por acaso é filho do prefeito?
Ou apenas um produto do teu meio
Quanta imposição
se tramam, é porque te amam.

tempo inequívoco

sil

Quanta perda de tempo.
Ah! Se não fosse o tempo infinito
Para nós meros mortais...

Teríamos ao menos abrigo
Num querer não tão corrido
A mercê do pão fugaz

Carnes que se acabam
Carecem de vida nobre
Finitude um desígnio
Para o rico e o pobre.

detalhes rapidos de um vazio

Talvez meu erro seja esperar numa mulher a felicidade

Drama cotidiano, eminência humana

Demência mundana


Nessa busca incessante, quanta crueldade

Entretanto creio

Na ora do recreio

Quando os cruéis

Provarão o seu quinhão

Retalhação? Absolutamente não.

Afinal, dizem por aí que se é pra ser será

Basta, portanto te esperar para sabe-se lá

Nalgum instante do maravilhoso presente

Convidarmos nós para construir um lugar

Incomum, onde só nós poderemos estar.

sábado, 8 de maio de 2010

Minha VRM entende o drama como uma ferramenta do conhecimento.

Tudo que tentara!

Ah! Tanara, quanta tara.

E minha VRM se depara com concretude vaga

Teu momento Tanara, para solícita VRM

Subscreve a tentativa insana

De toda e qualquer humildade plana

Lapsos, pois a VRM libera

Uma coisa mais do que sincera

Verdade ensaiada enquanto pura!!

ocorrencia

Mais uma ocorrência e nada de novo

Tudo aparentemente pálido

E o corredor da vida viçoso

São as cores joviais

Que atravessam o tempo

quinta-feira, 6 de maio de 2010

dicotomia da vida mortal (inequívoco tempo)

Quanta perda de tempo.

Ah! Se não fosse o tempo infinito

Para nós meros mortais...


Teríamos ao menos abrigo

Num querer não tão corrido

A mercê do pão fugaz


Carnes que se acabam

Carecem de vida nobre

Finitude um desígnio

Para o rico e o pobre.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pássaros Vadios

Acordadas borboletas

De soslaio um enredo

Sobrevoam as diletas

Nos cérebros do passaredo


 

A borboletiar e passarinhar pensamentos

Nevoeiro

As asas promovem conflitos

Param, mantêm organizadas

As fagulhas encontradas

Dos corações aflitos


 

Não percebem a névoa?

Concretude total

Nudez visual


 

Beijo-te na canoa

De um rio vital

Caudaloso rio

Me rio do beijo...

Do beijo escandaloso

Na escuridão da névoa matinal


 

Um poema Rapido

Desde o começo furtivo

Numa poesia rápida

Tentei intrépido

Relatar o que não sabia


Se de fato corre a lógica

Da correria

Tao cotidiana

Até absurda


Confetes velhos

Reconstroem... Acabam...

Castelos de monotonia

Tentativas vãs?

Escondem-se de nós

E, quem a gente não queria

Reverbera voz

Velozmente desconhecida

sábado, 17 de abril de 2010

VRM breve explicação

Se eu me digno de qualquer coisa porque observo situações não tão propicias ao verdadeiro autoconhecimento é porque de fato não tenho medo de me abster das formas mais sublimes de colocar as coisas mais simples da vida no contato humano como situação principal para recriação periódica de um conceito novo. A VRM (visão romântica dos mundos) enquanto alternativa de liberdade evoca a imaterialidade em seu proveito.

Como imaterialidade é de fato um conceito muito abrangente, a VRM se apóia necessariamente em algo cuja intangibilidade desfoca toda e qualquer tentativa de cientifização das ciências humanas. Fico assim, perdido nesse labirinto chamado VRM.

sábado, 10 de abril de 2010

VRM

A cientificidade apregoada como sustentação necessária ao indivíduo no que tange a questão das preocupações que temos com aquilo que se apresenta e de fato desconhecemos é o que vigora após o século das luzes. Entretanto, quando um especialista, um cientista diagnostica e revela o que não sabíamos, a partir disso estabelecemos na nossa ignorância uma espécie de alento calcado de fé no cientista ou especialista. A angústia é curada pela fé, e a divinização da figura dos doutos cientistas e especialistas substitui a figura dos antigos sacerdotes da idade média. De fato, há uma regularidade na sociedade mundial no que tange as relações necessárias para a composição de uma sociedade cujos integrantes desejam no decorrer da historia as mesmas coisas na essência, porém com objetos que se diferenciam, sem com isso perderem a essência. Descobrir essa regularidade nas conjunturas de cada povo, e suas similitudes nos diversos modelos que emergiram e se modificaram, sem, porém perderem na essência o poder, que enquanto fato jurídico que eclode das somas dos variados desejos de classes, castas e indivíduos, é de suma importância para reflexão acerca dos fenômenos jurídicos que contribuíram para a movimentação atual da própria realidade normativa que vigora. A VRM enquanto instrumento de desconstrução dos paradigmas da cientificidade se aproxima da ciência tradicional apenas na fé, que é necessária para o embasamento de qualquer conhecimento, quem dirá nas ciências humanas! Qual então é a essência do poder? A VRM faz o caminho inverso da ciência tradicional que prioriza o método e o reducionismo no sentido de buscar as regularidades para construir uma regra geral do mundo sensível. A VRM não pode ser idealizada no mesmo caminho da ciência tradicional baconiana, que acertadamente alija à escolástica. O mundo sensível representa uma faceta importante para a VRM, pois exerce poder sobre as viáveis elucubrações que a ferramenta precisa para se constituir numa dogmática desordenada, porém inteligível. A desordem e o poder são duas premissas necessárias para existência da legitimação de ambos, tanto pelos defensores da desordem (adeptos da VRM) e os defensores do poder ( cientistas tradicionais). O domínio da emoção sobre a razão que fica no segundo plano fere fatalmente toda pretensão de construção de um conceito sério tal como é a VRM. Coisas "interessantes" são chatas. O desinteresse é a grande tacada. A despreocupação com o trivial é tão mais sadio, e ao mesmo tempo em que a preocupação nos incomoda fortalece. Mas como é de fato terrível e monstruosa a possibilidade inerte de não estar preocupado com nada. Simplesmente, viver poetando, seria tão mais prazerosa, sem os grilhões dos afazeres necessários a sobrevivência. Um mundo ideal. Como tantos antes de mim já o imaginaram e nalguns casos vivem! A Visão Romântica dos Mundos é a possibilidade mais pura para uma concepção poetizada da realidade, porque os métodos não são necessários. As amarras metódicas não estão em nenhum plano possível para minha VRM. A liberdade enquanto conceito puro é realmente alcançada quando nos aprisionamos nos ensinamentos da VRM, e uso o vocábulo aprisionar ironicamente, porque de fato algum aprisionamento se faz necessário para o alcance livre do espírito concreto da VRM. A sua concretude advêm da sua condição inacabada, e como não há como soltar-se completamente dos sentidos, que deveras podem ser enganadores, a VRM a priori, descansa em terreno fértil no que tange a criatividade de seus conceitos vagos. A vaguidão obtusa de um conceito é tão importante para VRM porque através da sua natureza complexa, o inacabado abre sobrenaturalmente condições para o raciocínio livre e criativo sem a desconexão com o real tantas vezes recheado de pontos de vistas debilmente científicos. A não-ciência é o pressuposto da VRM, é condição absoluta para sua existência. A filosofia realiza nesse contexto não cientificizado um papel de companheira da VRM, porém sua base racional a distancia da VRM como uma amiga desleal que deve a todo o momento ser testada na sua lealdade. A separação da VRM com a filosofia torna a VRM uma ferramenta conceitual que antes da própria filosofia existir como mãe da ciência, já de forma onipresente, existia, mas nunca tinha sido provocada na sua magnitude. Filósofos do passado chegaram próximos da minha VRM, entretanto a amplitude do tratamento intelectualmente leal com cada forma de concepção mundana faz da VRM uma pratica que de fato pode dar conta de qualquer manifestação humana. De fato, é uma ignorância tremenda não citar a VRM depois que ela foi tornada conhecida pelo indivíduo, porem não é a dogmatização de axiomas próprios da VRM que a fará exitosa na sua insubordinação imprescindível.

Quando me debruço sobre a maneira como autores célebres da filosofia, como o próprio Platão, vejo a VRM como uma espécie de plágio infeliz, do pensamento platônico. Porém devo fazer ressalvas importantes no que tange a própria natureza da VRM. Primeiramente, é de salientar algumas diferenças importantes do pensamento platônico em relação com a VRM. De fato, a VRM possui no seu encantamento uma luz eminentemente reflexiva, quer seja no terreno movediço das idéias, ou no mundo concreto dos sentidos. Descartes quis a duvida metódica, e fundou um racionalismo extremado, Platão acreditou no mundo puro e perfeito das idéias, cada um na sua contribuição, ora pois, e a VRM, que contribuições pode nos prover enquanto humanidade? Como instrumento ideologizado a VRM, certamente se enquadra dentre as diversas contribuições possíveis, pois descrê numa teoria que se preconiza como a matriz fundadora da própria isenção que em suma, a propria ciência pretende conquistar. Assumir posições, político-ideológicas é de fato uma premissa para existência de uma VRM. O conceito de VRM pressupõe liberdade, criatividade e ação, que pode ser política, pois todo julgamento é valorativo e tais valores são concebidos através de um raciocínio político. Enfim, qual o objeto da VRM? Será toda manifestação humana no terreno das artes, ciência, até os eventos mais triviais da atividade humana? Ora, quero sem duvida o embate de idéias, e nao receio a natureza instigadora daqueles que confrontam a VRM, de fato tal confrontação renova a VRM, reproduz sua maior proposta: - O seu incessante devir despreocupado. No inicio éramos selvagens, e nossa selvageria, ao ser relativizada, não difere da selvageria dos dias atuais. Não há comedimento, a VRM não pretende fotografar a realidade de aqui e acolá, apenas, frente as realidades, jurídicas é que este trabalho pretende explicar, construindo a realidade, o viés do poder enquanto fenômeno politizador dos diversos campos do conhecimentos. Num exemplo prático, adeptos das teorias de conspiração mundial apregoam que as nações mais avançadas economicamente seguidamente estão a confabular contra interesses mundiais em prol de suas próprias motivações econômicas mais prementes. O interesse e o poder são dois conceitos cuja amplitude quase inalcançável apelam para que se consiga uma ferramenta não sistemática de interpretação da realidade. O que está nos bastidores, dessa pseudo-realidade que nos é colocada através das diversas mídias é uma das propostas da VRM. Ora, os objetos da VRM são tão escorregadios quando percebemos que se trata enfim, de ilogicamente, realizar uma resposta embasada com mentiras, ou mesmo no próprio erro. Quando me proponho a observar a realidade, antes de ser apenas platônico, estou sendo parte dessa realidade. O ponto de vista é funda mental para perceber de qual realidade estamos tratando e sob quais influencias sócias estamos sendo maculados. Não há pureza, a VRM não quer buscar uma racionalidade ideal, pois nem ao menos se considera racional a ponto de definir-se a partir de axiomas lógicos, se assim fosse estaria ruindo toda a teoria da despreocupação temporal objetivada nos conceitos que formam a VRM. Quando um indivíduo boceja alguma relação fisiológica lhe fez agir de tal forma, isso é o raciocínio dedutivo lógico a partir de pré concepções que temos acerca do funcionamento da fisiologia humana. Não apenas tenho fé nessa explicação, bem como comprovo cientificamente que o impulso ao bocejo advém de uma sensibilidade corporal quando efetivamente está acontecendo o bocejo. Ora, não é terreno da VRM questionar antigos dogmas científicos que na realidade pratica muito contribuem para uma espécie de evolução técnica, entretanto, quando observo outro animal humano bocejando, de fato me sinto impulsionado a realizar tal ação, o mesmo quando penso no próprio bocejo me sinto inclinado a bocejar. A VRM jamais explicará o bocejo, porque lhe escapam as fundamentações técnicas razoáveis para sua explicação, que inclusive no exemplo em tela nem mesmo a própria ciência explicou o bocejo, talvez por se preocupar mais fortemente com o aumento da produtividade que alija milhões de trabalhadores ao desemprego. A questão é enfim, preocupar-se com o que não é preocupação, então tornar-se um despreocupado com a preocupação geral. É nesse sentido que o pensamento criativo eclode com grande força na VRM. Quando então essa relação em cadeia do bocejo, ocorre nos indivíduos e não há posicionamento unânime a seu respeito, a VRM tal como ferramenta criadora de novas concepções surge para intimidar a racionalidade débil e largamente utilizada para encarcerar mentes, no propósito de libertar poeticamente a humanidade dos grilhões infelizes do individualismo cientifico. As grandes questões: quem inventou o avião? São tão desconexas e incentivadoras do individualismo entre povos que se sustentam no ufanismo enfadonho de uma minoria infeliz que não se preocupa com o bocejo.

Tormento

Que temor a solidão

Vezes outras se lamentam

O condão do sofrimento

Quem se liga nesse vão?


 

Afastado do tormento

Que se apartam deste mal

Eis o vulto purulento

Sacra via vital


 

Malogrado poeta-dor

Machuca a fé despretensiosa

Tira da vida as rosas

Ocamente a poetar


 

Desígnio da tristeza pura

Ri-se macabro teu algoz

Ora que terreno é esse da candura?

Que largamente distam anos-luz

Alegoria da literatura

Ou alegria das quimeras?


 

Obstina-se homem-fera

Pois teu fim não é tão próximo

Sê altista e ladino

Tal qual o alpinista andino

Cujo patrocínio duma multinacional

De sua abastada família real

Impulsiona-o para morte

Da aventura nas grandes montanhas mundiais

Por um motivo:

Dinheiro, poder e reconhecimento.

Eis o tormento, nada mais.

Cabelos Castanhos

Teus cabelos castanhos

Uma leveza inexplicável

Sensuais carinhos

Colorido amável


 

Da pele então nem quero dizer

Perfume de mulher amada

Suave toque de prazer

Destino comum nossa caminhada?


 

Tempo. Eis a convenção sábia

Inutilmente mensurada    

Frente à incerteza velada

Juntos a existência não é vazia


 

Separados, fisicamente sim! [Por enquanto]

Ah! O tempo! Quase esqueço

Será que passou muito?

É que estou tão perto do fim

Tanto

Selecionar palavras é conter o sentimento

Por isso a vazão notória da tentativa insana

Faz um grande firmamento

Dentro da perspicácia não assim tão plana


 

Por isso a descontinuidade

E tudo aquilo perceptível como bom

Deve, e não mais além do adorável acaso

Deixar em fim um lindíssimo frisson

Um Conto chamado (Ruff Bar)

Um jovem casal de namorados por indicação dela resolve comemorar o aniversario dele numa casa noturna bastante badalada, cujo interior se assemelha num olhar despercebido a um pub londrino. Os cordiais funcionários do estabelecimento lhes prestam ótimo atendimento assinalando a mesa reservada para os dois. Ali o casal namora trocando confidencias e brincando com a situação de alguns convidados que ali estavam compulsoriamente e dentre os quais o aniversariante desconhecia a grande maioria. Alguns degraus abaixo, de onde o feliz casal interagia de maneira tão apaixonada, uma pista de dança bastante animada borbulhava tal quais os espumantes vendidos fora do território francês. Aquilo os chamava. Era pura diversão, e seus hormônios, imantados pela balbúrdia de suas juventudes, magneticamente os levaram ao recinto mais agitado do pub falsificado.

Em meio a danças e trocas de olhares sensuais, três amigas convidadas do aniversariante se aproximam para cumprimentá-lo, o que, conseqüentemente, para o humor da namorada não pareceu muito atrativo, pois ele se inclinava infindáveis vezes para falar no ouvido de uma das mulheres que se aproximara. Aquilo causa um desconforto na promotora da festa, mas ela aparentemente se comporta com certa indiferença, ao menos se fazia transparecer isso. Então ela puxa-o rapidamente para um canto longe dos ouvidos das três, o que era irrelevante devido a musica alta, e ameaça-o de morte caso ele continuasse a esfregar os lábios na orelha da tal sirigaita.

Estupefato e com medo o aniversariante acata elegantemente a imposição, explicando bem a distancia que iria para um local mais sossegado com sua namorada. Tal ocorrido jogou um balde de água fria nos ímpetos do casal e ela, de maneira muito doce pede para ele ir para rua a fim de assegurar o taxi enquanto ela acertava a conta. Além disso, queria ir rapidamente, pois estava louca para surpreendê-lo com sexo selvagem. Após ouvir tantas promessas, desde ameaça de morte até sexo selvagem, sem pestanejar ele sai. Desgostado por não encontrar nenhum taxi se posta a olhar para o interior da festa. Especificamente para o local das mesas que possuía um teto de vidro através do qual toda movimentação do interior poderia ser vista. O frio intenso nublava, pelo calor do recinto, o vidro, e para melhorar a visão, lhe ocorreu desenhar um coração com o indicador escrevendo logo abaixo o nome da namorada e a palavra "te amo", mas quando ele preenche o interior do coração, afim de sanar melhor sua curiosidade acerca do vulto de duas pessoas que se agarravam violentamente aos beijos, de mão espalmada ao vidro percebe que na verdade os vultos que se atracavam apaixonadamente eram na realidade a sirigaita que ele despediu-se e a sua namorada.

Sinceridade

Que eu não queria dizer o que digo, mas acabo falando...

Não quero de maneirA NENHUMA SER ENTENDIDO

NÃO CONSIDERO PLAUSIVEL ALGUAMA CONSIDERACAO

TENTO SER HUMILDE, AMIGO

E NO FINAL DAS CONTAS SOU COMO TODO MUNDO

ADEQUACAO SOLITARIA, FIO DA NAVALHA

DENTRO DE MIM ALGUMA COISA GRITA

SOU COMO UM EREMITETA

DENTRO DE MIM MESMO

NAS CALADAS DAS NOITES NÃO TÃO ETERNAS COMO GOSTARIA

ENFIM, O TEMPO,

ESSSA DRAMATURGIA DE SÉCULOS

MENSUROU-SE.

NÃO SO PELA MINHA NOTORIA AVIDEZ,

MAS POR QUE E DE FATO COMUM

A GUIA PELO INTERESSE,

PRESENTE E CLARO,

SUGESTIVA, DEIXADA DE LADO.

POIS DE FATO A BARRIGA NÃO SE ALIMENTA DE POESIA

TAL QUAL DE FATO EU ASSIM

ADORARIA!

Monstros

Monstro I

 
 

Anônimo fantasma da criação

A centelha relapsa do teu véu

Escurece a abóboda cruel

Frente a pequenez do homem e sua mão

Devassa, tão singela

Enfadonha e bela

 
 

Criatura amarga das profundezas

Fique por aí mesmo

Teus segredos subentendem-se

E teus medos inexistem

Na coragem obsoleta

Do humano sentido

De superioridade triste

 
 

Toda essa devassa de monstros da mente

Equivocados...

Tal qual essa anedótica tentativa de julgá-los

Reflete falta de objetividade

Ora, tais monstros coexistem de fato!

E dar-lhes um formato

Necessita de tamanha sub-grandiloqüência

Que prefiro parar aqui, para não beirar a demência

 
 

Mostro II

 
 

Pra quem quer ver diz o poeta!

Sem o embargo da provação

Sem eficácia da auto-suficiência

Na contramão

Assim, afunda a chumbada no frio oceano

À margem o pescador

E nadando a poesia

No mar desgraçado da consciência mundana

Onde o pescador se faz poeta e presa vira

Da palavra leviana

Refém da contra-mentira

 
 

Fingidor, quem dera ser!

O contraditório infeliz

Seu desígnio é falar de si

E escapar por um triz

Do lado mal do espelho d'água

 
 

Mostra o Monstro III

 
 

Devorar palavras alheias

Eis o monstro malcriado

Come-come e nunca está saciado!

Glutão malvado criatura bela

teu criador sibila

Se apropria dos feitos que carrega

 
 

O Monstro Mostra IV

 
 

Subjuga-te monstro meu!

Mostra teu poder meu escravo!

Serve a mim orgulhoso

Não sente os espinhos que lhe cravo!

Quimera estonteante

Mostra aos pretensos dementes que ousam enfrentar seu mestre

Que já não há caminhos nessa vida destoantes da poesia

Pois nada é sem ser poema antes de ser criatura acabada.

Por fim, à mostra, oh! monstro malévolo e fiel

te retiras para ser recriado com a matéria prima do fel

Infinito

Entregar-se ao ócio da vida

Caso em que a tristeza acontece

Revela algo distante

Inevitavelmente perene


 

Ora, tudo tende a perecer

Nada é para sempre!

São certezas da vida

Regularidades vazias ,

e o mesmo tempo cheias de abismos.

Homenagem ao LSD (Lindos Sonhos Doloridos)

Antes tinha um medo violento de te perder

Mas poesia não é musica sertaneja

Nada contra o gosto de quem quer que seja,

Os amores e a ira nunca saem de moda

Como uma roda a girar até esmorecer...

Foi assim que aconteceu.

E se meu amor morreu, não matarei a poesia

Com versos sertanejos de liberdade simples


 

Separadora das dores cruéis, subtil camada

Jazem juntas a poesia sertaneja, do choro de amor

E os poemas urbanos que tratam de tema idêntico

Pois, o amor na sua mais cruel simplicidade

Não pode deixar de ser explicado

Nem ao menos num olhar distante

De quem um dia te magoou

E agora chora atordoado

Em busca do retorno da pessoa amada


 

Assim conduzem a fadiga das alegrias imbecis

Os relentos da alma

Comedidos por um próximo prazer

Pintados na cor do anis


 


 

Vicio psicológico dizem caras e bocas


 

Quando eu fui correndo pra te ver

Quis ser simples na atitude

Sem você

Ardem e crepitam

Meus sentidos

Num instante me vi cantando a solteirice gata

Num instante me vi cantando a solteirice gata


 

Dor!

Infiltrada, garganta rasgada

Medo de água

Gato escaldado

Sofre calado

Conflitos do amor


 

Chega a ter um mundo de querer

Essa coisa boa de ser livre

Coleção de cores

Muitos amores

Vadias manhãs

Das febres sem cessar

Do medo louco de deixar de amar

Sem culpa ou porquês!

Como uma piada da vida

um beco sem saída

na padaria o português

rindo com a boca cheia

num bigode sujo,

de piadas matinais


 

Indignação

Gostaria de manifestar minha indignação quanto à escolha dos limitados participantes do programa exibido dia 15/12/2008. No programa Reunião de Pauta que tentou debater assuntos como o dia mundial da corrupção, o repórter da Band em sua primeira participação no programa caiu na infelicidade de culpar a população pelos corruptos políticos. Não é correto trocar voto por tijolos, mas mais do que uma questão de necessidade, a venda de voto ocorre pela falta de educação básica e caráter. A culpa é da cultura imediatista propalada pelos meios de comunicação, a população é vítima desta corja poderosa que manipula as informações de acordo com os embalos da economia. Os analfabetos políticos do Brasil não têm educação básica para votar, e infelizmente, nos pleitos vencem os corruptos, porque poucos dos que participam não são corruptos. Essa história de dizer que furar fila é mesma coisa que político tirar vantagem é lamentável. Um político está lá pela confiança de milhares de eleitores. A falcatrua é da cultura popular, e os meios de comunicação que poderiam instruir os cidadãos tal como deveriam fazer ao utilizar concessões que receberam para transmitir seus programas, preferem na realidade, promover o imediatismo, e tirar vantagem de uma forma velada, ou por acaso os milionários patrocinadores de propaganda na televisão aberta não financiam uma empresa privada que utiliza concessão publica para veicular aquilo que resulta sua lucratividade? Hipocrisia. É muito fácil culpar a população quando sabemos que algumas cúpulas de poderosos da comunicação é que mandam no Brasil. Ou seja, caráter na televisão não dá lucro, quando for lucrativo educar o povo com esse instrumento fantástico teremos mudança na educação como um todo.

Classes?

Distraem-se na perdição de suas próprias elucubrações a classe política que por um vinculo de identidade impresso em seu DNA relegam, distanciados na longínqua capital federal , a entes despersonalizados, como o mercado, o futuro de todo país. Um discurso obsoleto é aquele que não prioriza o economês, ao menos para os que tiveram a sorte de serem minimamente alfabetizados. E os que são a grande massa, sedenta pelo assistencialismo governamental? É estúpida a formação do estado moderno e ao mesmo tempo é incrivelmente bela, pois sem ele não teríamos assegurados os privilégios de uma minoria que detém bens e a outra parte alijada desses bens. O belo está na diferença, nessa diferença econômica entre as pessoas. O politicamente correto é dizer que a diferenciação radical, cujos extremos são tão diversos que chegam a ser um ultraje, não é bela. A arte atenua o choque de realidades, e esse pode ser o subterfúgio ideal para que seja suportável essa obrigatoriedade a que se submetem os que lutam para não serem vendados pelos efeitos midiáticos, um paliativo como o bolsa família. A bolha do capitalismo quando explode tem seus efeitos no cidadão comum, o gado assalariado. A bolha da desigualdade econômica, cujo propósito único é dominação, explodirá, apesar das forças elitistas que contraditoriamente a alimentam, mas não querem ver sua explosão. Que é inevitável.

Vida nossa!

Como em sonhos despertei

Num milagre de luxúria e dor

Felicidades na cor

Misturando-se na nossa vida


 

Cara de pau disfarcei num lance

Foi eu quem quis a chance

Que agora não desperdiçarei


 

Vai lua nova me reveste então

Quem andou na contramão

Foge da linha tênue

Entre nós!

pensamento

Como pode termos visões de mundo tão diferentes e ao mesmo tempo conseguimos conviver juntos? Na realidade isso decorre por conta de utilizarmos freqüentemente uma série sem fim de signos aceitáveis dentro da própria convivência. Esse delimitador das relações humanas se constrói através da educação. Existem maneiras próprias de comportamento que estão consolidadas no seio de uma relação específica, como por exemplo, a de não arrotar na frente das pessoas. Entretanto, tal prática considerada inadequada e até causadora de asco entre aqueles que a observam/ouvem pode sem dificuldade serem aceitas num agrupamento de homens assistindo um jogo de futebol. Em realidade, essas regras subtendidas de fato não são explicáveis por si mesmas tal como normalmente somos levados a fazer quando tentamos explicá-las dizendo que o comportamento é ou não aceito "porque sim". Há certa mecânica, uma regularidade que elabora um padrão inconsciente definido pela educação. Somos educados para que a sociedade esteja protegida de seus membros, ou seja de si mesma. Aquele que incorre numa ilegalidade sofre uma sanção mesmo que não seja imposta pelo poder estatal. A indiferença pode ser um mecanismo punitivo da sociedade para o membro o qual descumpriu uma norma estabelecida informalmente receba alguma privação ou mesmo alguma espécie de preconceito. Embora o termo preconceito remeta invariavelmente a questão de raça, cor da pele, religião, etc., de fato uma prática abominada por um grupo social quando constatada, transfere ao injustiçado cuja pena foi imposta a sensação de que está sofrendo perseguições ou mesmo preconceitos, portanto não deixaria de ser um espécie de preconceito, embora o preconceito seja um evento que se consolida mais fortemente na esfera individual do indivíduo. Aquele que se comporta de maneira diferente, não deve ser aceito, pois seu comportamento fere a própria existência do grupo, isso é um preconceito ou uma sanção imposta por uma norma oriunda do conjunto mecânico e regular da consciência coletiva?

VRM (visão romântica dos mundos)

Coisas interessantes são chatas. O desinteresse é a grande tacada. A despreocupação com o trivial é tão mais sadio, e ao mesmo tempo em que a preocupação nos incomoda fortalece. Mas como é de fato terrível e monstruosa a possibilidade inerte de não estar preocupado com nada. Simplesmente, viver poetando, seria tão mais prazerosa, sem os grilhões dos afazeres necessários a sobrevivência. Um mundo ideal. Como tantos antes de mim já o imaginaram! A Visão Romântica dos Mundos é a possibilidade mais pura para uma concepção poetizada da realidade, porque os métodos não são necessários. As amarras metódicas não estão em nenhum plano possível para minha VRM. A liberdade enquanto conceito puro é realmente alcançada quando nos aprisionamos nos ensinamentos da VRM, e uso o vocábulo aprisionar, porque de fato algum aprisionamento se faz necessário para o alcance livre do espírito concreto da VRM. A sua concretude advêm da sua condição inacabada, e como não há como soltar-se completamente dos sentidos, que deveras podem ser enganadores, a VRM a priori, descansa em terreno fértil no que tange a criatividade de seus conceitos vagos. A vaguear obtuso de um conceito é tão importante para VRM porque através da sua natureza complexa, o inacabado abre sobrenaturalmente condições para o raciocínio livre e criativo sem a desconexão com o real tantas vezes recheado de pontos de vistas debilmente científicos. A não-ciência é o pressuposto da VRM, é condição absoluta para sua existência. A filosofia realiza nesse contexto não cientificizado um papel de companheira da VRM, porém sua base racional a distancia da VRM como uma amiga desleal que deve a todo o momento ser testada na sua lealdade. A separação da VRM com a filosofia torna a VRM uma ferramenta conceitual que antes da própria filosofia existir como mãe da ciência, já de forma onipresente, existia, mas nunca tinha sido provocada na sua magnitude. Filósofos do passado chegaram próximos da minha VRM, entretanto a amplitude do tratamento intelectualmente leal com cada forma de concepção mundana faz da VRM uma pratica que de fato pode dar conta de qualquer manifestação humana. De fato, é uma ignorância tremenda não citar a VRM depois que ela foi tornada conhecida pelo indivíduo, porem não é a dogmatização de axiomas próprios da VRM que a fará exitosa na sua insubordinação imprescindível.


 

A Cidade Faminta

Escrever por obrigação sempre foi uma das coisas que mais incomodavam um jornalista de um pequeno jornal da cidade. Realmente, se incomodava com aquilo. Eram notícias que tinha que criar, e das que existiam verdadeiramente, muitas vezes tinha que, devido os seus ferozes editores, dar um toque sensacionalista à notícia. Mais uma manhã aparentemente comum e, ele sai para trabalhar como de costume. No caminho observa os pardais que tomam banho de areia de uma casa em construção. Pensa rapidamente no reino animal e das infâmias que muitos atribuem a esses animaizinhos que são taxados de ladrões de ninhos. De repente, cortando seu singelo raciocínio, num curtíssimo espaço de tempo, a cidade balança como num terremoto movendo o coletivo e os carros que passavam, alguns inclusive bateram provocando um grande engavetamento. Logo pensa que isso dará uma boa notícia, pois muitas pessoas a estão vivendo, mas estranhamente, ao invés de todos correrem para salvar suas vidas, e comprarem o próximo jornal, que seria um impulso natural, as pessoas correm famintas para o livro que portava o nosso humilde jornalista, e não somente o dele, mas todo e qualquer tipo de impresso que estivesse mais próximo. Completamente confuso, o homem não segue a vontade geral e sai com muita dificuldade do coletivo, pois quem conseguia hipnoticamente algum impresso perdia a noção de seu entorno. Era até engraçado ver um indivíduo correndo em direção a uma folha de jornal velha que o vento empurrava na direção de um automóvel pegando fogo. Correndo para salvar sua vida e sua matéria realmente verdadeira, ele observa que na realidade as pessoas não corriam na direção dos impressos para se informar, mas para comê-los. Uma repugnância tomou conta do jornalista e ele pensou por alguns instantes em delírio, mas definitivamente as pessoas estavam comendo jornais, livros, cartazes, e teve um inclusive que até se pendurou num out-door na ânsia de tirar um bom naco. Apavorado com a fome repentina de seus concidadãos, esconde embaixo da jaqueta um livro novo de poesia que tinha comprado há poucos dias na livraria que estava sendo tomada pelos famintos lunáticos, e enfim corre de volta para casa a fim de escrever na íntegra o que ocorria na cidade, e o que a cidade comia. Era um problema de saúde pública e apesar de ter tentado, inúmeras vezes no caminho de casa, coagir as pessoas para os males de tal alimentação, nem o escutavam deliciando-se com a incomum refeição. Chegando em casa, como um facho de luz, seu estômago ronca e impulsivamente ele puxa da jaqueta uma deliciosa poesia...

Brasil, uma aristocracia moderna.

A indignação propalada pelos mesmos sujeitos que se valem de sua condição aristocrática para manter seus privilégios aristocráticos, revela a situação preocupante com que vive a classe política brasileira afundada na contradição de seus altos salários. A hipocrisia é uma doença social e suas implicações no cotidiano do cidadão comum inutilizam-no enquanto agentes de mudança, no intuito de romperem com a relação viciada existente entre os aristocratas, pois o povo é constantemente bombardeado pelo consumismo que esmaga o individuo o impelindo pela necessidade de sobrevivência, onde nesse sentido não encontra espaço para interferir positivamente na conjuntura do poder do estado, a não ser pela pseudo-democracia sazonal onde o cidadão através do sufrágio universal tem a clara noção de agente de modificação daquilo que internamente não se modifica através do voto, ou seja, a postura esperada por aqueles já ingressos na carreira política pelo voto é de que os recém chegados dancem conforme a música e não ataque antigos privilégios dos pseudo-representantes do povo. Acredito que os argumentos de persuasão àqueles que chegam não sejam de todo muito dificultosos de se efetivarem, tendo em vista que a ética e moralidade tão desmedidamente dita nos próprios meios de comunicação acaba por se esfacelar na estrutura política, e, portanto o tiro no próprio pé de fato nunca é dado e as balas desse tiro jamais atingirão os pés de quem pisa sem medo de retaliação na população brasileira enquanto não haver ativismo político verdadeiro com reivindicações que atacam os privilégios. Num país de dimensões continentais como o Brasil a centralidade do poder numa capital tão distante dos grandes centros revela em si já uma notória inclinação histórica pela manutenção da realeza numa distancia favorável a continuidade da aristocracia brasileira sem sofrer as pressões sociais cada vez mais enfraquecidas pela própria natureza econômica das relações humanas que fragiliza de maneira muito importante e fragmenta os movimentos sociais criando o terreno fértil para corrupção. Para Montesquieu "aristocracia não implica necessariamente abuso político ou econômico contra as camadas menos favorecidas", entretanto o conceito de modernidade enquanto ruptura com o pensamento tradicional se enquadra na situação atual da política brasileira, pois a dualidade do pensamento montesquiano no que se refere à aristocracia aponta para possibilidade de estarmos vivendo hodiernamente num governo aristocrático onde o abuso de poder mantém o privilegio de poucos, onde a democracia serve apenas para legitimar o uma representação que não atende efetivamente aos anseios do povo. Defender a tese de que não há sistema político perfeito, e que a corrupção sempre existirá, é de certa maneira aceitar e estimular a continuidade da pseudo-democracia brasileira. A constituição brasileira tão lindamente escrita pelos abonados constituintes refere-se a inúmeras garantias individuais que ainda não conquistamos enquanto nação, e uma delas é a de que "o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição". Sabemos que o parágrafo único do artigo primeiro da constituição de 1988 é uma meta a ser alcançada, e não algo que se consolidou no Brasil.

Pensamentos perdidos

As vozes enternecidas pelos sons espontâneos que saem daquela boca maldita inebriam os meus sentidos a ponto de imprimir na minha alma cada oscilação das notas enlouquecedoras. O breve final, compõe a peça e, absorto, buscando um apoio nas melodias conhecidas, me deparo com o desconhecido. Como é vago esse tal desconhecido, como é pouco nobre, entretanto, seu vai e vem atrevido transforma qualquer ouro em cobre, o que de fato não traduz beleza, mas a pureza do dever ser seja lá o que for. A plenitude das coisas não reside na conquista fugaz, na procura pela excelência, em ser o melhor sempre. As perdas de fato inexistem quando se tem consciência que o devir rico só se estabelece quando a beleza da simplicidade não necessita da percepção apuradamente treinada como um soldado, mas sim na ausência de métodos. Todo metódico é triste. Esbarra, mormente, na sua incapacidade de infringir regras para alcançar o desconhecido sem procurá-lo, pois a naturalidade desse encontro se dá inevitavelmente quando os grilhões do método se desfazem soltos e se entrecruzam na liberdade de ser parte da mágica totalidade de artes possíveis. O que aborrece o metódico é a ausência de significados. Para ele tudo deve representar algo, e se não representa ele o torna desconhecido, ou ainda passível de algum dia ser conhecido. Essas sonoras obviedades alijam-no da oportunidade da experiência verdadeira e não indutiva. Tudo é induzido no mundo do método frio, de fato quando descobertas oriundas do trabalho incessante sobrevêm, são notadamente doídas, e consigo trazem a sensação de trabalho cumprido, em voga como a pílula da felicidade dos "workaolics". Em voga também é a famigerada consciência ambiental, propalada em congressos envolvendo autoridades dos quatro cantos do planeta. Suas vozes ecoam no terceiro mundo, pois a influência dos meios comunicativos utiliza seu vigor para orientar a população acerca da sua educação ambiental, e ao mesmo tempo, no intervalo dos programas educativos, apresentam sonhos de consumo que para serem produzidos sugaram recursos naturais do planeta. Contradições a parte, de fato a falácia ambiental só serve como anúncio de algo irreversível que resultará numa catástrofe que poderá desaparecer com o animal homem. Deixar se levar pelo espírito livre é tão difícil quanto estar aprisionado, mesmo assim, a amarra do espírito livre parece ser a melhor de todas, tendo em vista que sempre estaremos amarrados ao real, apesar das suas múltiplas interpretações, ele sempre afronta e se faz conhecido.

Estado de espirito

A poesia não é mais que um estado espírito

E nos confins da alma humana

O poeta que se diz humano

Trama, incessantemente, pelo que não sabe

O que localiza logo lhe escapa

Angustia sua busca

Reiteradas vezes

E o vácuo subjaz

Na devassidão do medo

Todos procuraram algo

E o valor dessas procuras

Definiram suas posições sociais

E o que quer o poeta afinal, senão retribuição?

Que contramão é essa de se buscar o incapturável?

Deveras a imortalidade adormeça a esperança.

Espécies de Amor

Sacaneie tuas lagrimas quando quiserem escorregar

Daqui até o oceano serão ventos de distância

Acomode tua nudez na clausura do teu quarto

Mirado em ti mulher do sonho

Permeia em mim toda vagação

Desmedida, na tua natureza fria

Completar-me-ias no dia claro à mercê dos temporais?

De quantos ais precisa de mim amor incerto?

Conserta tua coleção de sonhos,

Porque cheguei para ficar mulher sonhada!


 

Bicarbonato de sódio do coração

Safa-me da acidez momentânea

Dos teus desígnios de artista

Que bagunça o coreto (cloreto) da razão


 

Meus habitantes perversos me chamam de rei

Rá, Rã, girino, Deus...

E assim sempre o respeitei, para ser abençoado

Não sou louco a ponto de brincar de Deus

Nem tampouco apressar adeus

Nesse mundo de animaizinhos literatos

Não é bom ser malcriado

Morrer tranqüilo ou desesperado?

Rock Sertanejo

Recriei sem querer a aventura de viver

Das cantigas, não tão antigas de sábado à noite

Veludosas pernas entrincheiradas no perfume, vão

Na direção oposta descaminho de solidão


 

Coisas da insensatez mundana

Carne voluptuosa, na feira praiana

Vontades, desejos, atitudes insanas


 

Rio sem degrau leve como o ar

Fogo e paixão na luz do luar


 

Chega! Poesia urbana não é rock sertanejo!

Imagem fugaz

quem me ensinou a poesia

não foi ente carnal de solidez óbvia

antes foi a traça do livro

que queimei na luz da vela

observando a fumaça esvaindo na treva


 

acho que não mais irei visitá-las

com tristeza no coração

mas sem melancolia ou distração


 

pois não tirei das rosas as pétalas

quando vi a fumaça se esvair na treva

Alguns desígnios

No amor acontecem coisas tão obvias.

Vejo lindas mulheres com alguns dos meus sósias.

Explicarei.

Na realidade para ser sósia

Queria eu ter nascido feio

Explicarei.

Esse papo de que homem é feio

É mentira!

Explicarei.

Existem homens bonitos.

E como homem que sou não sofro em admitir isso.

Explicarei.

Putz. Caro leitor. Eu não sou gay.

Apenas não entendo uma coisa nessa vida.

Porque as mulheres bonitas que conheço

E que de fato adoraria namorar...

Não raras vezes vejo-as namorando indivíduos feios.

Meu deus! Beleza pra mulher não é fundamental.

Eis, algo que a experiência prática da vida me ensinou.

Acho que a insegurança das mulheres reside num fundamento:

Homens bonitos seriam mais cobiçados pelas outras mulheres.

E os feios estariam livres da cobiça. Ou seja dor de cabeça zero!

Porém, um magnetismo avesso as condições da natureza.

Imanta homens feios de tal forma que chego a pensar na sabedoria misteriosa da natureza.

Sim! A natureza curte o caos.

E tal curtição, sabiamente une os opostos.

Por isso acredito na ficção bela de que na realidade

É o bonito que não sofre a tal cobiça.

Lapso de fim de tarde

Numa parada a buscar palavras

Ao vento embalsamadas

Pela angustia inebriante....


 

O cansaço mental

Inexiste e o cheiro urbano

Aquece os corações

Nas pequenas cidades

Nos mais longínquos rincões


 

Esse homem moderno

De andar atarefado

Esse passarinho ladino

A beliscar o mingau frio esquecido na janela

Esse moleque malandro

Que vaga pelas escadarias

A espreitar o aposentado na sua aposentadoria

O olhar cismado da moça no horizonte

A igreja na praça da beata em sua fronte

Muitas vidas pulsando por destinos

Desatinos, desencontros

Amores no boteco da esquina

Todos súditos, por um viver melhor

Cotidianos num comércio de almas

Esperando o próximo ônibus

Cativos na calada dor/esperança.

saber

Dói saber-se com dor de cotovelo

Dor da alma, incontrolável!

Como o novelo que cai do colo da vovó

Desenrolando a vida;

Mostrando a verdade;

Dura, cruel e crua

Da inacessibilidade nua

Sem véu...

Translúcido momento

Do "tricot" como alento

A tricotar encontros

E (in)felizmente os desencontros

Poeminha

Um pequeno poema

Desfeito desde o comeco

Perdido no tema

Como um suave tropeço


 

Aos trancos e barrancos

Jazem os poemas perdidos

Em limbo desconhecido

Papel em branco


 

Enternecidamente

Comedidas palavras

Mortas em mar fremente


 

Assim, nascem e morrem

...os poemas

Uns se perdem no labirinto

...outros

Surgem como estrelas

...umas

[quase] perpétuas

...outras

Simplesmente, desertas.

Tanto faz...

Nem para escrever um poema eu to afim

Poderia estar tocando sax

Mas obrigações de sexta à noite

Me impulsionam para o fim

Tanto faz...


 

Cotidiano está pior

Maquinal, vil

Escolha o pavio

De preferência ao menor

Tanto faz...


 

Fodam-se as borboletas!

O mundo das etiquetas

Danem-se quem não ama

Tanto faz...


 

Angústia malévola

Corrói...

Instantes apenas

Término do Poema!

Tanto faz...

Buraco negro

O vazio não pode ser citado

Sua existência não resiste a nada

Seu apogeu é queda

E misteriosamente

Uma fagulha de pensamento

Remete-me ao fato real

De que de alguma forma

Existo, e existo muito mal.


 

Assim, se consomem os seres existentes

Suas adiposidades revelam seu fracasso

O nada existe a partir das crenças

Contrárias as liberdades latentes

Em confronto com a beleza oca

Das magrezas da alma

Subsistem aqueles

que apaixonadamente crêem no nada.

Ficção

A ficção cientifica

Prega obrigatoriedade normativa

Ode! A ficção infecciosa!

Da academia presunçosa

Eu amo a filosofia poética

Meu ser antes de material

É alma livre

Revés das pictorias ficções acadêmicas!

Libertem-se dessa indecência

Que enclausura a alma discente

Não me privem e aprisionem!

Sou espírito das asas informais

Que certamente sobrevoam

Mais, muito mais além

Da academicidade rasa e necessária!


 

Ciência, sua vulgaridade me conforta

Sua técnica me sustém

Tenho medo de seu ritmo

Frio e avassalador

Contraditório e ineficaz

Sou como você ciência!

Busco o que me satisfaz!


 

Apesar de desconhecê-la

Ouso citá-la em meu poema

Furto-me de esquemas

Minha tese é criticá-la apenas.


 

Referências bibliográficas

Para aceito ser

Preciso de preconceitos

Referir-se a pensamentos

Dando enfim meu parecer

Ora, quando passo a me apossar

Daquilo que não sabia

É o advento da propriedade

Também no campo da imaterialidade!

Você venceu ciência!

Mas jamais será poesia.


 

Ainda existe a sagacidade jovial nalguns

No velho embate das gerações

Eclodem as velharias mornas

Que turvam habilidades através da inveja

Ser velhaco é ser atual

Ser jovem é ser bode

Que tudo come sem reclamar!

Insubordinados do mundo, um ode!

Uni-vos!

Desfaleci

Nunca mais escrevi poemas

Nas vidas que vivi

Nos últimos tempos

Esvaziei completamente meus alentos

Sou tristeza que perambula

Vagueia ao sabor do prazer

Desde que aprendi a ler

Me farto de tanta frescura

Foto sombria

Em noite chuvosa

Um verso contamina a sorte

Como a monotonia é penosa

E o quanto se parece com a morte


 

Antropofagia contaminada

Nos contos de meu discípulo

Devora poesia!

Para no crepúsculo

Estar viva em parte necessária

Para canção matinal e solitária


 

E, nos recônditos da mente

Nasce um demônio zombeteiro

Que se regala intensamente

Com o cinismo de seu hospedeiro


 

Frieza total

A mentira vira arte

Num verso de poesia

O amor vira verdade

Quando ela não mentia


 

Unem-se amantes

Retirados numa ilha

Acham lindo o viver a dois

Apenas mútuos contratantes


 

O direito posto é frio

O amor poderoso

De calor são feitos casais

Delineados de confiança


 

Passeando em meio ao ar das árvores

Respirável, tão mais gostoso

Um dos sangues planetários

Ei! ser humano? És protozoário?

Ou confias no direito ambiental?

Não sei, sou apenas um casal.

Um sujeito

Segundo o pensamento de um sujeito a temática do poema pode ser apropriada para o entendimento semântico das leis. (mentira)

Pura poesia

Agradar os contrários

É musculação cerebral

Nos gestos dejetos

Da produção mental

Alternância

Breve história

Teoria da vida

Numa caixa de pandora

Me escondi do horizonte

Ser chato como um bem-te-vi

Caladas em mim as chatices

A eterna insatisfação

Inelutável criação

Bestialidade das meninices


 

De quais razões importam a causa?

Fadigas da alma

Cotidiano aprisionado

Na calma do morto

De cruas carnes

A deleitar os vermes

Que me espreitam diariamente


 

Sapiência mortal da finitude

Aparta-me de uma vez

Tola maldita!

Conscienciosa de si

Tal qual o bem-te-vi

Sobrevoa a massa cinzenta

Nublando o colorido da vida

Quem dera a ignorância!

Dos pássaros do campo

Sabedores de seus instintos

Cuidam seus filhos

Sem saber da condição fúnebre

Que lhes aguardam

São chatos para proteger seus ninhos

Esses felizes passarinhos!


 


 

Frase

Só a necessidade constrange os homens a ceder uma parte de sua liberdade.

Uma Poesia

Nunca mais fiz poesias

Nunca mais me deixei sonhar

Nunca mais refleti versos

Nunca mais vi teu olhar

Refeitos versos

Eis que te vejo

E promessa!

Ainda sim, te beijo.

Em Anexo

Em anexo envio-lha minha alegria

Nesta folha em princípio vazia

Ávidos estão os meus dedos

Para acariciar-lhe a tez macia

E sussurrar com terna voz na orelha fria

Alguns segredos...

Pequena Poesia

De dores da alma

Correm soltas

As maravilhas do mundo

Fortes caminhos

não levam a lugar algum

Cores destinos se vão

Ficam experiências

Amalgama de amores

No interior devoluto

Nos sobra nada mais, só luto.