sexta-feira, 27 de maio de 2011

Comunicação Arredia

Desossado aprendiz de verme
Quem imaginaria
Por certo teme
A se ver sem precisar do espelho

O latido raivoso do cão
Afoga o horizonte
E uma nave sem motor
se desprende do chão

Num terraço de estrelas
um elevador é construído
Suador na subida
leva o cheiro da terra

Andarilho de coragem
a andarilhar enlatado
frente críticas
deveras criativas

Esvoaçante deleitar
nas pedras indiferentes
felizes no leito do rio
a pólvora inventou o pavio

Imitar o soldadinho
Sonhando ser tesoura
que ao cortar a papoula
Dá início noutra guerra

Clausura repensada
orvalhando cérebros
a terra não pode ser entendida
em seus desígnios quiméricos

João-bolão deixa a língua roxa
e a abelha mirim
deixaria o joelho vermelho
se pudesse picar assim

à Guiga (Daniele) e Datinho (Daltro),
primos que fizeram parte de minha infância querida

Manhãs de Outono

Manhãs de outono
Emaranhados cabelos em estado de vigília
espreguiças de estralar elos
Experimento cotidiano
qual imaginaria
a respirar-te, cheiro a primeira consciência do dia

Sensibilidade

Perambulando lindamente
uma criança sorri
a passos indolentes
reabre a porta que dantes abri

O porteiro da sorte
Com olhos amigos
Fita na calçada mendigos
- Entre, a chuva está forte.
Uma sopa quente
Piloro vazio
Em tenra idade
escapei do frio

Próprio Poema

Comecei pelo título
Pois não sabia no que ia dar
E ainda não sei
nesse próprio poema
(ou própria poesia).
Trepidam palavras a divagar
Recalcitrante doçura
Eivadas dores da candura
amei? Acabou. Reluto!
Sempre enquanto vivo
não há que se entender o luto
das forças antagônicas. Morte, Vida...
Resposta devida em face da morte:
- Não sei.
Resposta devida em face da vida:
- Dei sorte.

Primeiro Poema

Há dias quero escrever-te este poema
há tempos que não escrevia assim
Neblina de noite fria, em mim
delírios de um novo tema

Ao faltar palavra
Vem teu nome de forma tão clara
Como se tudo se resumisse
Em duas ou três frases que me disse

E significam tanto, e muito
Teu despropositado dizer
Balbuciando afoito mito
de que um dia serão
unidos nossos corações aflitos
em verdade uníssona de razão?
Desesperança crível
Sabotaram a imensidão
Teu eu em mim...
Já não te vejo em mundo vão.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Ir sem se despir do destino

Um detalhe só, apenas
Do amor rápido, sadio
Quando vi você saiu
Teu olhar pelas esquinas
Perdi.
Me ri!
Absorto da penumbra que aos poucos te escondia
e o brilho cálido da rua que teus passos distancia
fez também brilhar a pele tua
não pela famigerada lua, por tantos já cantada!
Mas pela luz artificial do poste...
Matiz da imagem sonhada
estrela por mim esperada
E se fosse? Porque foste?

Ir sem se despir do destino

Um detalhe só, apenas
Do amor rápido, sadio
Quando vi você saiu
Teu olhar pelas esquinas
Perdi.
Me ri!
Absorto da penumbra que aos poucos te escondia
e o brilho cálido da rua que teus passos distancia
fez também brilhar a pele tua
não pela famigerada lua, por tantos já cantada!
Mas pela luz artificial do poste...
Matiz da imagem sonhada
estrela por mim esperada
E se fosse? Porque foste?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Tempero da saborosa vida

Ou vivi casos inventados
Ou efetivamente os vi?
Nessa dúvida dos que foram extirpados
Já não sei se sofri.

Não importa pra ninguém
O amor doído
Seja ele qual for

Ensinar amar
É senão inventar
A desimportante dor

Assim desocupado leitor
Pratique o amor
Naquilo que acredita sê-lo
Amor pêlo-no-pêlo ou
Amor-alma e tempero