sábado, 10 de abril de 2010

Pensamentos perdidos

As vozes enternecidas pelos sons espontâneos que saem daquela boca maldita inebriam os meus sentidos a ponto de imprimir na minha alma cada oscilação das notas enlouquecedoras. O breve final, compõe a peça e, absorto, buscando um apoio nas melodias conhecidas, me deparo com o desconhecido. Como é vago esse tal desconhecido, como é pouco nobre, entretanto, seu vai e vem atrevido transforma qualquer ouro em cobre, o que de fato não traduz beleza, mas a pureza do dever ser seja lá o que for. A plenitude das coisas não reside na conquista fugaz, na procura pela excelência, em ser o melhor sempre. As perdas de fato inexistem quando se tem consciência que o devir rico só se estabelece quando a beleza da simplicidade não necessita da percepção apuradamente treinada como um soldado, mas sim na ausência de métodos. Todo metódico é triste. Esbarra, mormente, na sua incapacidade de infringir regras para alcançar o desconhecido sem procurá-lo, pois a naturalidade desse encontro se dá inevitavelmente quando os grilhões do método se desfazem soltos e se entrecruzam na liberdade de ser parte da mágica totalidade de artes possíveis. O que aborrece o metódico é a ausência de significados. Para ele tudo deve representar algo, e se não representa ele o torna desconhecido, ou ainda passível de algum dia ser conhecido. Essas sonoras obviedades alijam-no da oportunidade da experiência verdadeira e não indutiva. Tudo é induzido no mundo do método frio, de fato quando descobertas oriundas do trabalho incessante sobrevêm, são notadamente doídas, e consigo trazem a sensação de trabalho cumprido, em voga como a pílula da felicidade dos "workaolics". Em voga também é a famigerada consciência ambiental, propalada em congressos envolvendo autoridades dos quatro cantos do planeta. Suas vozes ecoam no terceiro mundo, pois a influência dos meios comunicativos utiliza seu vigor para orientar a população acerca da sua educação ambiental, e ao mesmo tempo, no intervalo dos programas educativos, apresentam sonhos de consumo que para serem produzidos sugaram recursos naturais do planeta. Contradições a parte, de fato a falácia ambiental só serve como anúncio de algo irreversível que resultará numa catástrofe que poderá desaparecer com o animal homem. Deixar se levar pelo espírito livre é tão difícil quanto estar aprisionado, mesmo assim, a amarra do espírito livre parece ser a melhor de todas, tendo em vista que sempre estaremos amarrados ao real, apesar das suas múltiplas interpretações, ele sempre afronta e se faz conhecido.

Um comentário:

  1. Esse texto muito bem traduz parte da complexidade do "existir". A postura crítica e filosófica suscita a reflexão do que realmente assume significado na vida das pessoas e quais as consequências de cada simples escolha de postura,de cada simples desejo e do quanto estamos condicionados a sermos guiados pela maioria, perdendo mtas vezes as oportunidades de deixar-nos surpreender pelo acaso.Além disso, é importante ressaltar como a criatividade pode servir de impulso despreocupado, ametódico mediante à vida e seus mais diversos significados.
    Beijocas!Ju

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