sábado, 10 de abril de 2010

pensamento

Como pode termos visões de mundo tão diferentes e ao mesmo tempo conseguimos conviver juntos? Na realidade isso decorre por conta de utilizarmos freqüentemente uma série sem fim de signos aceitáveis dentro da própria convivência. Esse delimitador das relações humanas se constrói através da educação. Existem maneiras próprias de comportamento que estão consolidadas no seio de uma relação específica, como por exemplo, a de não arrotar na frente das pessoas. Entretanto, tal prática considerada inadequada e até causadora de asco entre aqueles que a observam/ouvem pode sem dificuldade serem aceitas num agrupamento de homens assistindo um jogo de futebol. Em realidade, essas regras subtendidas de fato não são explicáveis por si mesmas tal como normalmente somos levados a fazer quando tentamos explicá-las dizendo que o comportamento é ou não aceito "porque sim". Há certa mecânica, uma regularidade que elabora um padrão inconsciente definido pela educação. Somos educados para que a sociedade esteja protegida de seus membros, ou seja de si mesma. Aquele que incorre numa ilegalidade sofre uma sanção mesmo que não seja imposta pelo poder estatal. A indiferença pode ser um mecanismo punitivo da sociedade para o membro o qual descumpriu uma norma estabelecida informalmente receba alguma privação ou mesmo alguma espécie de preconceito. Embora o termo preconceito remeta invariavelmente a questão de raça, cor da pele, religião, etc., de fato uma prática abominada por um grupo social quando constatada, transfere ao injustiçado cuja pena foi imposta a sensação de que está sofrendo perseguições ou mesmo preconceitos, portanto não deixaria de ser um espécie de preconceito, embora o preconceito seja um evento que se consolida mais fortemente na esfera individual do indivíduo. Aquele que se comporta de maneira diferente, não deve ser aceito, pois seu comportamento fere a própria existência do grupo, isso é um preconceito ou uma sanção imposta por uma norma oriunda do conjunto mecânico e regular da consciência coletiva?

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