sábado, 10 de abril de 2010

VRM

A cientificidade apregoada como sustentação necessária ao indivíduo no que tange a questão das preocupações que temos com aquilo que se apresenta e de fato desconhecemos é o que vigora após o século das luzes. Entretanto, quando um especialista, um cientista diagnostica e revela o que não sabíamos, a partir disso estabelecemos na nossa ignorância uma espécie de alento calcado de fé no cientista ou especialista. A angústia é curada pela fé, e a divinização da figura dos doutos cientistas e especialistas substitui a figura dos antigos sacerdotes da idade média. De fato, há uma regularidade na sociedade mundial no que tange as relações necessárias para a composição de uma sociedade cujos integrantes desejam no decorrer da historia as mesmas coisas na essência, porém com objetos que se diferenciam, sem com isso perderem a essência. Descobrir essa regularidade nas conjunturas de cada povo, e suas similitudes nos diversos modelos que emergiram e se modificaram, sem, porém perderem na essência o poder, que enquanto fato jurídico que eclode das somas dos variados desejos de classes, castas e indivíduos, é de suma importância para reflexão acerca dos fenômenos jurídicos que contribuíram para a movimentação atual da própria realidade normativa que vigora. A VRM enquanto instrumento de desconstrução dos paradigmas da cientificidade se aproxima da ciência tradicional apenas na fé, que é necessária para o embasamento de qualquer conhecimento, quem dirá nas ciências humanas! Qual então é a essência do poder? A VRM faz o caminho inverso da ciência tradicional que prioriza o método e o reducionismo no sentido de buscar as regularidades para construir uma regra geral do mundo sensível. A VRM não pode ser idealizada no mesmo caminho da ciência tradicional baconiana, que acertadamente alija à escolástica. O mundo sensível representa uma faceta importante para a VRM, pois exerce poder sobre as viáveis elucubrações que a ferramenta precisa para se constituir numa dogmática desordenada, porém inteligível. A desordem e o poder são duas premissas necessárias para existência da legitimação de ambos, tanto pelos defensores da desordem (adeptos da VRM) e os defensores do poder ( cientistas tradicionais). O domínio da emoção sobre a razão que fica no segundo plano fere fatalmente toda pretensão de construção de um conceito sério tal como é a VRM. Coisas "interessantes" são chatas. O desinteresse é a grande tacada. A despreocupação com o trivial é tão mais sadio, e ao mesmo tempo em que a preocupação nos incomoda fortalece. Mas como é de fato terrível e monstruosa a possibilidade inerte de não estar preocupado com nada. Simplesmente, viver poetando, seria tão mais prazerosa, sem os grilhões dos afazeres necessários a sobrevivência. Um mundo ideal. Como tantos antes de mim já o imaginaram e nalguns casos vivem! A Visão Romântica dos Mundos é a possibilidade mais pura para uma concepção poetizada da realidade, porque os métodos não são necessários. As amarras metódicas não estão em nenhum plano possível para minha VRM. A liberdade enquanto conceito puro é realmente alcançada quando nos aprisionamos nos ensinamentos da VRM, e uso o vocábulo aprisionar ironicamente, porque de fato algum aprisionamento se faz necessário para o alcance livre do espírito concreto da VRM. A sua concretude advêm da sua condição inacabada, e como não há como soltar-se completamente dos sentidos, que deveras podem ser enganadores, a VRM a priori, descansa em terreno fértil no que tange a criatividade de seus conceitos vagos. A vaguidão obtusa de um conceito é tão importante para VRM porque através da sua natureza complexa, o inacabado abre sobrenaturalmente condições para o raciocínio livre e criativo sem a desconexão com o real tantas vezes recheado de pontos de vistas debilmente científicos. A não-ciência é o pressuposto da VRM, é condição absoluta para sua existência. A filosofia realiza nesse contexto não cientificizado um papel de companheira da VRM, porém sua base racional a distancia da VRM como uma amiga desleal que deve a todo o momento ser testada na sua lealdade. A separação da VRM com a filosofia torna a VRM uma ferramenta conceitual que antes da própria filosofia existir como mãe da ciência, já de forma onipresente, existia, mas nunca tinha sido provocada na sua magnitude. Filósofos do passado chegaram próximos da minha VRM, entretanto a amplitude do tratamento intelectualmente leal com cada forma de concepção mundana faz da VRM uma pratica que de fato pode dar conta de qualquer manifestação humana. De fato, é uma ignorância tremenda não citar a VRM depois que ela foi tornada conhecida pelo indivíduo, porem não é a dogmatização de axiomas próprios da VRM que a fará exitosa na sua insubordinação imprescindível.

Quando me debruço sobre a maneira como autores célebres da filosofia, como o próprio Platão, vejo a VRM como uma espécie de plágio infeliz, do pensamento platônico. Porém devo fazer ressalvas importantes no que tange a própria natureza da VRM. Primeiramente, é de salientar algumas diferenças importantes do pensamento platônico em relação com a VRM. De fato, a VRM possui no seu encantamento uma luz eminentemente reflexiva, quer seja no terreno movediço das idéias, ou no mundo concreto dos sentidos. Descartes quis a duvida metódica, e fundou um racionalismo extremado, Platão acreditou no mundo puro e perfeito das idéias, cada um na sua contribuição, ora pois, e a VRM, que contribuições pode nos prover enquanto humanidade? Como instrumento ideologizado a VRM, certamente se enquadra dentre as diversas contribuições possíveis, pois descrê numa teoria que se preconiza como a matriz fundadora da própria isenção que em suma, a propria ciência pretende conquistar. Assumir posições, político-ideológicas é de fato uma premissa para existência de uma VRM. O conceito de VRM pressupõe liberdade, criatividade e ação, que pode ser política, pois todo julgamento é valorativo e tais valores são concebidos através de um raciocínio político. Enfim, qual o objeto da VRM? Será toda manifestação humana no terreno das artes, ciência, até os eventos mais triviais da atividade humana? Ora, quero sem duvida o embate de idéias, e nao receio a natureza instigadora daqueles que confrontam a VRM, de fato tal confrontação renova a VRM, reproduz sua maior proposta: - O seu incessante devir despreocupado. No inicio éramos selvagens, e nossa selvageria, ao ser relativizada, não difere da selvageria dos dias atuais. Não há comedimento, a VRM não pretende fotografar a realidade de aqui e acolá, apenas, frente as realidades, jurídicas é que este trabalho pretende explicar, construindo a realidade, o viés do poder enquanto fenômeno politizador dos diversos campos do conhecimentos. Num exemplo prático, adeptos das teorias de conspiração mundial apregoam que as nações mais avançadas economicamente seguidamente estão a confabular contra interesses mundiais em prol de suas próprias motivações econômicas mais prementes. O interesse e o poder são dois conceitos cuja amplitude quase inalcançável apelam para que se consiga uma ferramenta não sistemática de interpretação da realidade. O que está nos bastidores, dessa pseudo-realidade que nos é colocada através das diversas mídias é uma das propostas da VRM. Ora, os objetos da VRM são tão escorregadios quando percebemos que se trata enfim, de ilogicamente, realizar uma resposta embasada com mentiras, ou mesmo no próprio erro. Quando me proponho a observar a realidade, antes de ser apenas platônico, estou sendo parte dessa realidade. O ponto de vista é funda mental para perceber de qual realidade estamos tratando e sob quais influencias sócias estamos sendo maculados. Não há pureza, a VRM não quer buscar uma racionalidade ideal, pois nem ao menos se considera racional a ponto de definir-se a partir de axiomas lógicos, se assim fosse estaria ruindo toda a teoria da despreocupação temporal objetivada nos conceitos que formam a VRM. Quando um indivíduo boceja alguma relação fisiológica lhe fez agir de tal forma, isso é o raciocínio dedutivo lógico a partir de pré concepções que temos acerca do funcionamento da fisiologia humana. Não apenas tenho fé nessa explicação, bem como comprovo cientificamente que o impulso ao bocejo advém de uma sensibilidade corporal quando efetivamente está acontecendo o bocejo. Ora, não é terreno da VRM questionar antigos dogmas científicos que na realidade pratica muito contribuem para uma espécie de evolução técnica, entretanto, quando observo outro animal humano bocejando, de fato me sinto impulsionado a realizar tal ação, o mesmo quando penso no próprio bocejo me sinto inclinado a bocejar. A VRM jamais explicará o bocejo, porque lhe escapam as fundamentações técnicas razoáveis para sua explicação, que inclusive no exemplo em tela nem mesmo a própria ciência explicou o bocejo, talvez por se preocupar mais fortemente com o aumento da produtividade que alija milhões de trabalhadores ao desemprego. A questão é enfim, preocupar-se com o que não é preocupação, então tornar-se um despreocupado com a preocupação geral. É nesse sentido que o pensamento criativo eclode com grande força na VRM. Quando então essa relação em cadeia do bocejo, ocorre nos indivíduos e não há posicionamento unânime a seu respeito, a VRM tal como ferramenta criadora de novas concepções surge para intimidar a racionalidade débil e largamente utilizada para encarcerar mentes, no propósito de libertar poeticamente a humanidade dos grilhões infelizes do individualismo cientifico. As grandes questões: quem inventou o avião? São tão desconexas e incentivadoras do individualismo entre povos que se sustentam no ufanismo enfadonho de uma minoria infeliz que não se preocupa com o bocejo.

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