quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Foi como quis.

Despediu-se naquela manhã de julho. Aliás, não foi bem uma despedida, pois contido naquele beijo matinal que recebia enquanto dormia, já elucubrava em nunca mais vê-la, ficando a última imagem dela numa lembrança de silhueta que na porta aberta do quarto o sol da manhã descrevia. Existem monstruosidades necessárias, ou somente são atributos das mentes doentias? Em realidade, doía-lhe não ter se despedido decentemente, e o orgulho dela o surpreendeu quando deixado de lado recebera naquela mesma tarde um ligação que questionava a racionalidade vil daquele gelado coração.
Se conscientizou de que não merecia o amor dela, nem tampouco o carinho, e absorto não raras vezes revivia aquele momento crucial de separação, que o fez escolher entre ela e a outra incerteza da vida que é viver só. Nunca mais se falaram depois daquela ida sem sequer um bilhete em cima da mesa! Foram apenas tentativas infrutíferas de enviar cartas para remediar a irremediável covardia que foi abandoná-la. Ao fim, queria dizer daquelas poesias, pois as perdeu. E como não poderia deixar de ser, os deuses da poesia não suportariam tamanha injustiça. A se soubesse que ela sabe que a justiça foi feita, ao menos teria um pouco de descanso das trepidações inerentes da vida, que quando revividas sem alento descamam ainda mais as feridas.

2 comentários:

  1. nossa! muito bom,passou algo tão forte que enchi os olhos ! ;x Parabéns pelo conto e claro, pelas poesias que me fazem tão bem! | Naty

    ResponderExcluir